Política

Bolsonaro discursa em vídeo gravado na abertura da Assembleia da ONU

País é alvo de críticas internacionais sobre política ambiental, e presidente deve falar sobre preservação no vídeo. Cabe ao Brasil abrir debate geral com chefes de Estado e de governo.


22/09/2020

O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Reuters

G1

O presidente Jair Bolsonaro discursa nesta terça-feira (22) na 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Em razão da pandemia do novo coronavírus, é a primeira vez que o encontro será por meio virtual. O discurso de Bolsonaro será exibido em vídeo, gravado na semana passada.

Em um momento de críticas internacionais à política ambiental no Brasil, com aumento nos registros de queimadas na Amazônia e no Pantanal, o discurso de Bolsonaro deve tratar da questão ambiental.

Desde 1949, cabe tradicionalmente ao representante brasileiro fazer o discurso inaugural do debate-geral da ONU. Nas últimas sete décadas, chanceleres e presidentes subiram à tribuna em Nova York para falar em nome do Brasil.

Esta será a segunda vez que Bolsonaro abre o debate geral. Segundo a agência de notícias da ONU, os vídeos gravados pelos líderes dos países têm duração de até 15 minutos.

Programação
O debate geral se inicia às 10h (horário de Brasília) e, conforme o cronograma, após a fala de Bolsonaro, serão transmitidos os discursos dos presidentes Donald Trump (Estados Unidos), Tayyip Ergodan (Turquia), Xi Jinping (China) e Sebastián Piñera (Chile).

A ONU informou que, para reduzir risco de contaminação pelo novo coronavírus, cada país terá um representante no hall da assembleia, em Nova York.

Cerca de 200 pessoas ficarão no local, o que representa menos de 10% da capacidade do espaço.

Meio ambiente
Ao estrear na ONU, em 2019, Bolsonaro afirmou que o Brasil tinha “compromisso solene” com a preservação ambiental e defendeu a soberania do país na Amazônia. Um ano depois, o tema deve voltar a ter espaço na fala do presidente.

Para esta terça (22), a expectativa é que o presidente rebata críticas feitas à política de preservação ambiental do governo brasileiro, área em que, segundo ele, o Brasil é um “exemplo para mundo”, apesar do aumento do número de queimadas e desmatamento.

Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, Bolsonaro mostrará os “esforços” do Brasil no combate aos crimes ambientais.

“Lógico que o presidente vai tocar na Amazônia. Vai mostrar, em princípio, aquilo que nós estamos fazendo. Temos a criação do conselho, a Operação Verde Brasil 2, o esforço do governo no sentido de combater as ilegalidades. Não é simples, não é fácil, elas continuam a ocorrer, infelizmente”, disse Mourão na segunda-feira (21).

Na última sexta-feira (18), durante evento em Mato Grosso, um dos estados atingidos pelas queimadas, Bolsonaro falou sobre demarcação de terras indígenas.

“Os índios são nossos irmãos, são nossos parceiros, eles merecem a sua terra, mas dentro de uma razoabilidade. […] Nós não podemos sufocar aquilo que nós temos aqui, que tem nos garantido, não só a nossa segurança alimentar, bem como a segurança alimentar para mais de um bilhão de habitantes no mundo”, disse Bolsonaro na sexta.

Governos de outros países, empresários, investidores, ambientalistas, celebridades e organizações não governamentais criticam a política ambiental de Bolsonaro.

Na semana passada, oito países europeus alertaram que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros, e uma aliança entre ambientalistas e agronegócio cobrou medidas do governo brasileiro.

Nesta segunda (21), véspera do discurso de Bolsonaro na ONU, o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), disse que as críticas de “nações estrangeiras” sobre o desmatamento na Amazônia visam “prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro”. Heleno não citou nenhum país especificamente.



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