Política

Bolsonaro confirma vontade de privatizar Petrobras e sugere à população economizar combustível

Presidente disse que vai conversar com a equipe econômica sobre a possibilidade de venda da estatal e voltou a culpar governadores pelo aumento nos preços dos combustíveis


14/10/2021

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural no interior de São Paulo na quarta-feira. (Foto: José Dias/PR - 13/10/2021)

WSCOM com Estadão



Pressionado para apresentar uma solução contra a escalada do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira (14) a política de preços da Petrobras e disse que seu desejo é privatizar a estatal. Ele afirmou que não consegue controlar o preço do combustível, já que iria incorrer em crime de responsabilidade, mas se queixou de novo que, em caso de aumento dos preços, a culpa sempre cai no seu colo. Para frear a alta dos preços, ele também disse que “seria bom se todo mundo ajudasse a economizar combustível”.

“É muito fácil, ‘aumentou a gasolina, culpa do Bolsonaro’. Eu tenho vontade, já tenho vontade de privatizar a Petrobras. Tenho vontade, vou ver com a equipe econômica o que a gente pode fazer”, disse o presidente em entrevista à Rádio Novas de Paz, de Pernambuco. “Eu não posso, não é controlar, eu não posso melhor direcionar o preço do combustível, mas quando aumenta a culpa é minha”, reclamou.

Na semana passada, a Petrobras anunciou o reajuste de 7,2% na gasolina e no gás de cozinha. Na semana anterior, o óleo diesel já tinha ficado 9% mais caro.

De acordo com o presidente, como o Brasil precisa importar o combustível, “seria bom se todo mundo ajudasse a economizar combustível, aí você iria obrigar os caras a rever o que está acontecendo, ajudaria bastante”. Para lidar com o problema da crise hídrica no País, ele já havia pedido a seus apoiadores que desligassem um ponto de luz em suas casas para poupar energia elétrica.

Diante da pressões sobre o aumento da inflação no País, Bolsonaro voltou a responsabilizar os governadores por parte do alto preço do gás de cozinha e dos combustíveis. “Essas verdades é que doem”, afirmou. No entanto, reconheceu que os governadores não podem zerar o ICMS. “Mas a cobrança do ICMS não pode ser feita com um percentual em cima do preço da bomba.”

O preço dos combustíveis é composto pelas fatias da Petrobras, da distribuição e revenda, pelo custo do etanol anidro, no caso da gasolina, e do biodiesel, no caso no óleo diesel, e ainda pelo ICMS, cobrado dos Estados, e pelo tributos federais Cide e PIS/Pasep e Cofins. No período de 3 a 9 de outubro, a fatia da Petrobras correspondia a 33,6% do preço da gasolina e a 54% do preço do litro do diesel, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O presidente também falou sobre o projeto aprovado na quarta-feira (13), na Câmara que muda a regra de ICMS sobre combustíveis e estabelece um valor fixo por litro para o imposto. “Não era o que eu queria”, reclamou, em relação às alterações do projeto apresentado pelo Executivo. “Mas vai ajudar”, ponderou. Ele ainda cumprimentou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por ter conseguido “aprovar o que foi possível”. O projeto agora será analisado pelo Senado.



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