Política
Republicanos rejeitam federação com PP e União Brasil e reforçam liderança de Hugo Motta
Decisão da bancada do partido na Câmara dos Deputados destaca divergências estaduais e fortalece o protagonismo paraibano no cenário nacional
05/02/2025
Cristiane Cavalcante/Portal WSCOM
A bancada do Republicanos na Câmara dos Deputados rejeitou a proposta de federação com o PP e a União Brasil, encerrando as negociações que vieram sendo articuladas nos bastidores desde o ano passado. A decisão foi tomada durante reunião do partido na última terça-feira (4), com a presença do presidente da Câmara, o deputado paraibano Hugo Motta, e do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira. Dos 40 parlamentares que participaram do encontro, 39 votaram contra a aliança, evidenciando uma ampla coleção à proposta.
O deputado federal Wilson Santiago (Republicanos-PB) explicou as razões que levaram à negativa da bancada. “A consulta feita à bancada foi no sentido de não federar. Quais são as razões? Primeiro, que retira a autonomia do partido, que agora teria que ser partilhado. Segundo, os Republicanos comandariam sete dos 27 estados, como Paraíba e São Paulo. Terceiro, o partido está em ascensão. Se está crescendo, a probabilidade nessa arrancada é que o partido conquiste o maior número de filiados”, afirmou ao Blog Wallinson Bezerra.
A decisão de não aderir a federação se deve, em grande parte, as disputas regionais entre lideranças partidárias. Na Paraíba, Hugo Motta (Republicanos), Aguinaldo Ribeiro (PP) e Efraim Filho (União) ocupam posições estratégicas e têm interesses divergentes. Enquanto os dois primeiros são aliados do governo estadual e federal, Efraim representa a oposição nesses dois âmbitos. Caso uma federação fosse concretizada, as três lideranças entrariam em um debate direto pelo controle da coligação no estado, cenário que se repete em outras unidades da federação, como Pernambuco, onde Augusto Coutinho (Republicanos), Mauro Mendonça Filho (União) e Eduardo da Fonte (PP) também disputariam o comando da aliança.
Apesar da exclusão expressiva da bancada do Republicanos, as lideranças do PP e do União Brasil ainda mantêm esperanças de reverter a decisão. O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e o secretário-geral da sigla, ACM Neto, defendem que uma federação fortaleceria a representatividade do grupo no Congresso Nacional, consolidando uma força política com 153 deputados e 17 senadores. “Queremos tentar consolidar isso ainda neste mês de fevereiro para formar uma grande federação, que será um polo de força política em todo o Brasil (…) Esse é um grande exercício de governança que vamos liderar ao longo de fevereiro para ver se conseguirmos uma conclusão satisfatória. Não é um processo simples, é uma questão complexa, mas, se for bem sucedido, será benéfico para todos”, afirmou Rueda.
No entanto, as dificuldades em conciliar os interesses continuam sendo um obstáculo significativo. Dentro do próprio União Brasil, há resistências à federação, pois lideranças regionais têm que perder influência para os outros partidos envolvidos na aliança. A principal preocupação é a definição sobre quem teria o comando da federação em estados estratégicos, como Rio de Janeiro e São Paulo, onde as três siglas possuem bases eleitorais de peso.
A decisão do Republicanos representa uma reviravolta para os planos de liderança do Centrão, que buscavam criar um bloco partidário capaz de rivalizar com o PT e o PL no Congresso. O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), era um dos principais entusiastas da proposta, que agora encontra dificuldades para avançar. Com a posição consolidada do Republicanos, Hugo Motta emerge como uma figura central nas articulações políticas da legenda e reforça sua influência tanto na Paraíba quanto no cenário nacional.
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