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Morre o sambista Almir Guineto, fundador do grupo Fundo de Quintal

LUTO


05/05/2017



O sambista Almir Guineto, fundador do grupo Fundo de Quintal, faleceu nesta sexta-feira aos 70 anos. Ele estava internado para tratamento de uma pneumonia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, na Zona Norte do Rio, desde março. A causa da morte, no entanto, ainda não foi confirmada pela equipe do músico.

Em junho do ano passado, o sambista já havia informado por meio de um comunicado que estava tratando uma insuficiência renal crônica, motivo que o obrigou a se afastar dos palcos.

Um dos maiores representantes do samba de raiz, o carioca Almir Guineto ajudou a fundar o grupo Fundo de Quintal no final da década de 1970, e deixou importantes sucessos como "Mordomia", "Mel na boca", "Caxambu", "Saco cheio" e "Lama nas ruas".

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Sua contribuição para a história do samba é ainda maior por ter inserido no gênero o banjo com afinação de cavaquinho, instrumento quase inevitável hoje. "Agora tem mais de 400 mil banjos por aí", ironizava sobre a popularização do instrumento na cena musical.

— Almir herdou o talento do pai, seu Iraci Serra, um dos maiores violonistas do samba em seu tempo — contou Nei Lopes, dos principais compositores e estudiosos do samba. — E levou para o fundo de quintal do Cacique de Ramos a palhetada no banjo criada por seu tio Mazinho, também um velho baluarte salgueirense. Nas mãos de Almir, o banjo virou um misto de instrumento de harmonia e percussão, como se fosse um "reco-reco harmônico". Ele ainda difundiu no samba a magia do jongo, aprendida com Geraldo do Caxambu, seu tio, e a malícia do partido-alto, no estilo de Geraldo Babão, mestre de nós todos.

Tijucano, viveu no Morro do Salgueiro até 1970. Ali aprendeu a gostar de samba, a tocar instrumentos, e passou a venerar o pavilhão da Acadêmicos do Salgueiro. Depois, passou a evitar o morro, que o trazia "lembranças ruins", onde um de seus filhos foi assassinado.

Em 2012, quebrou o hiato de 11 anos longe dos estúdios com o CD "Cartão de Visita". O último trabalho homenageava a cidade do Rio, com músicas inéditas que balançavam o público do eixo Rio-São Paulo ao lado dos clássicos “Caxambu”, “Mel na boca”, “Jiboia”, “Insensato destino” e “Lama nas ruas”. "É igual a andar de bicicleta. A gente não perde as técnicas", contou ao GLOBO, em entrevista de dezembro de 2013.



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