Política

Milanez Neto, autor de ‘Lei Anti-Oruam’, diz que músicas tocadas no Bloco das Virgens fazem apologia ao crime


06/03/2025

Rafael Andrade / Portal WSCOM

O vereador Milanez Neto (MDB) acusou o Bloco Virgens de Tambaú de reproduzir músicas que fazem apologia ao tráfico de drogas e a facções criminosas durante o pré-carnaval de João Pessoa. A declaração foi feita em entrevista à rádio CBN João Pessoa, nesta quinta-feira (6).

Autor do projeto de lei conhecido como “Lei Anti-Oruam”, que proíbe o financiamento público de eventos com conteúdo que exalte o crime, Milanez afirmou que algumas letras tocadas no bloco continham mensagens de incentivo ao porte de armas e ao tráfico. “Vocês viram a letra de algumas músicas que eram tocadas naqueles carros que desciam aquele bloco? Eram verdadeiras apologias ao tráfico e às facções criminosas e ao mundo do crime”, disse.

O vereador chegou a citar um exemplo específico. “Inclusive, numa letra mesmo, eles falavam que você só bastava encostar na cintura para sentir, na verdade, fazendo uma apologia a sentir uma arma. É isso que a gente está vendo em eventos culturais de nossa cidade”, afirmou.

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Questionado sobre possíveis críticas relacionadas à censura, Milanez negou que a proposta tenha esse objetivo. “Na verdade, nós não temos como censurar o que já é censurado pelo Código Penal. Já tipifica como crime, facção criminosa e apologia à facção criminosa. Então, já é nitidamente, pelo Código Penal, crime, então eu não tenho como confundir censura com apologia clara ao tráfico e à facção”, defendeu.

Fundador defende bloco

Procurado pelo Portal WSCOM, o fundador do Bloco das Virgens, Euclides Menezes, rebateu a declaração e afirmou que a organização não descumpriu nenhuma lei. “O bloco não fez nada que seja ilegal. Eu não sei como surgiu essa ideia de associar o Bloco das Virgens com coisas ilegais. Jamais. Nós somos um bloco que tem 38 anos no pré-carnaval de João Pessoa. Sempre estamos querendo aumentar e fortalecer o nosso pré-carnaval e o nome da cidade”, declarou.

Ele também destacou o histórico do evento e garantiu que a edição deste ano ocorreu sem registros de violência. “Esse ano bateu todos os recordes, mais de 600 mil pessoas na avenida sem nenhum incidente grave, sem nenhuma discussão, nenhuma arma, nada. É um bloco da alegria e da diversidade musical e cultural. Eu não apoio nada que não seja dentro da lei”, afirmou.

O projeto de Milanez Neto, protocolado na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) no início de fevereiro, segue em tramitação e prevê sanções para eventos financiados com recursos públicos que promovam apologia ao crime. A proposta se baseia em legislação similar aprovada em São Paulo e apelidada de “Lei Anti-Oruam”, em referência ao rapper Oruam, cujas letras foram associadas ao crime organizado.



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