Morreu nesta sexta-feira (21), aos 76 anos, o ex-campeão mundial de boxe George Foreman. O anúncio do falecimento foi feito nas redes sociais do próprio atleta e não informou a causa da morte. Foreman ficou eternizado na história do boxe por feitos impressionantes dentro e fora dos ringues: campeão olímpico em 1968, campeão mundial dos pesos-pesados em 1973 e, 21 anos depois, novamente campeão, aos 45 anos, tornando-se o mais velho da história a conquistar o título da categoria. As informações são do ge.

“Nossos corações estão partidos. Com profunda tristeza, anunciamos o falecimento do nosso amado George Edward Foreman Sr., que partiu pacificamente em 21 de março de 2025, cercado por entes queridos”, diz a nota publicada pela família. O texto destaca ainda seu legado espiritual e familiar: “Um pregador devoto, um marido dedicado, um pai amoroso e um orgulhoso avô e bisavô (…). Um humanitário, um atleta olímpico e duas vezes campeão mundial dos pesos pesados, ele era profundamente respeitado — uma força para o bem, um homem de disciplina, convicção e um protetor de seu legado”.

George Edward Foreman nasceu em 10 de janeiro de 1949, em Marshall, no Texas. Ainda bebê, ganhou o apelido que carregaria por toda a vida: “Big George”, por causa do tamanho incomum. A infância foi marcada por dificuldades. Aos 15 anos, envolvido em brigas e furtos, Foreman parecia destinado a um caminho sem rumo. Tudo mudou quando entrou para um programa social na Califórnia, voltado a jovens em situação de vulnerabilidade. Lá, conheceu o treinador Doc Broadus, que o apresentou ao boxe — e ao propósito que transformaria sua vida.

Ainda de acordo com a reportagem, a trajetória no esporte foi meteórica. Com apenas 19 anos, Foreman conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Cidade do México em 1968. No ano seguinte, estreou como profissional. Em 1973, aos 24, alcançou o topo do mundo ao nocautear Joe Frazier em Kingston, na Jamaica, e conquistar os cinturões da WBA e WBC. A força brutal de seus golpes ficou registrada na história: em sua primeira defesa, nocauteou Jose Roman em apenas 50 segundos, recorde da categoria na época.

Um dos momentos mais icônicos de sua carreira veio no ano seguinte, em 1974, na célebre “Luta na Selva” contra Muhammad Ali, diante de 60 mil pessoas no antigo Zaire (hoje República Democrática do Congo). Apesar de favorito, Foreman foi surpreendido por Ali e derrotado por nocaute no oitavo round. Anos mais tarde, os dois rivais se tornariam grandes amigos. “Ele estava tentando vencer uma luta de boxe, eu estava tentando matar aquele cara. Isso me deixou triste depois que encontrei minha religião. (…) Muhammad Ali e a nossa amizade foram o presente que ganhei do boxe”, disse Foreman, em entrevista ao canal “I AM ATHLETE”.

Após derrota para Jimmy Young em 1977, Foreman teve uma experiência religiosa intensa e decidiu abandonar os ringues. Tornou-se pastor e, em 1980, fundou a Igreja do Senhor Jesus Cristo, em Houston. No entanto, dificuldades financeiras o levaram de volta ao boxe em 1987, após uma década de hiato. Mesmo com 38 anos, emplacou uma sequência impressionante de 24 vitórias — 22 por nocaute.

Em 1994, veio o feito que consolidou seu nome no panteão do esporte. Aos 45 anos, derrotou Michael Moorer por nocaute e se tornou o campeão mundial mais velho da história dos pesos-pesados, reconquistando os cinturões da WBA e da IBF. Lutou até 1997, quando se aposentou definitivamente após perder para Shannon Briggs. Foram, ao todo, 81 lutas, com 76 vitórias (68 por nocaute) e apenas cinco derrotas.

Aposentado dos ringues, Foreman manteve-se nos holofotes de forma inusitada. Tornou-se um fenômeno de vendas com o “George Foreman Grill”, produto que virou sucesso mundial e rendeu ao ex-lutador milhões de dólares, ampliando sua fama entre as gerações mais jovens.

Em 2022, Foreman enfrentou acusações graves de estupro, feitas por duas mulheres que alegam ter sido abusadas por ele nos anos 1970, quando ainda eram menores de idade. O ex-campeão sempre negou as acusações.

Foreman deixa 12 filhos — cinco deles também chamados George, como dois netos — e uma filha batizada de Georgetta. “Batizei todos os meus filhos (homens) como George Edward Foreman para que eles sempre tivessem algo em comum”, explicou ele, certa vez, em seu site oficial. Casado desde 1985 com Mary Joan Martelly, sua quinta esposa, o ex-lutador manteve até os últimos dias sua rotina como pregador na igreja que fundou.