Endividamento aumenta estresse e reduz produtividade de trabalhadores, mostra pesquisa da Serasa Experian

Seis em cada dez profissionais afirmam sofrer mais com ansiedade e insônia por causa das dívidas; maioria acredita que empresas deveriam ajudar no bem-estar financeiro

Foto: Reprodução

O endividamento está afetando diretamente a saúde mental e o desempenho dos trabalhadores brasileiros. É o que mostra uma pesquisa inédita da SalaryFits, empresa da Serasa Experian, divulgada nesta terça-feira (8). O levantamento revela que 66% dos profissionais afirmam ter sentido aumento de estresse devido às dívidas. Muitos relatam ainda irritabilidade, insônia, exaustão e até sintomas de depressão.

Os dados chamaram atenção quando a Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), que trata das diretrizes de segurança e saúde no trabalho, passou a incluir riscos psicossociais como responsabilidade das empresas. Mesmo assim, 52% das companhias ainda não têm programas voltados à saúde mental dos colaboradores.

A pesquisa mostra que o impacto financeiro ultrapassa a vida pessoal e chega ao ambiente profissional. Mais da metade (51%) dos entrevistados relataram mais estresse no trabalho por conta das dívidas, 47% sentem cansaço físico e 33% percebem queda de produtividade.

Segundo o CEO da SalaryFits, Délber Lage, os resultados reforçam que o problema financeiro não é individual, mas afeta toda a dinâmica das empresas. “A instabilidade financeira não é apenas um problema individual, mas um fator que compromete a produção e o clima organizacional. De acordo com a nova NR1, esses são riscos que precisam ser mitigados”, afirmou o executivo.

O levantamento mostra ainda que apenas 21% dos trabalhadores têm controle total sobre o próprio orçamento. A maioria, portanto, reconhece dificuldades em lidar com o dinheiro e espera mais apoio das empresas: 83% acreditam que o empregador deveria contribuir com o bem-estar financeiro dos funcionários.

Para Lage, as expectativas vão além do salário.“Os trabalhadores esperam não só salários competitivos, mas iniciativas concretas de apoio ao bem-estar, como educação financeira, acesso ao crédito com melhores condições e ferramentas que facilitem a gestão de recursos. Esse é um caminho para atender à NR1 e, ao mesmo tempo, fortalecer o vínculo com os colaboradores”, explicou.

A pesquisa também revela que 49% dos brasileiros precisam recorrer a recursos extras, como cartão de crédito, empréstimos ou ajuda de familiares, para fechar o mês. O dado ajuda a entender por que 87% dos entrevistados afirmaram querer educação e planejamento financeiro como um benefício corporativo.

Para o CEO da SalaryFits, investir nesse tipo de apoio pode gerar ganhos diretos para as empresas. “Isso pode significar uma oportunidade de transformar benefícios financeiros em ferramentas de prevenção ao endividamento, por exemplo. Ajudando colaboradores a evitarem dívidas mais caras e tomarem decisões mais seguras. Também é importante que as empregadoras ampliem o olhar sobre benefícios além do vale-refeição e do plano de saúde, incorporando soluções que ofereçam mais estabilidade aos colaboradores”, defende Lage.

O estudo também mostra que a tecnologia pode ser uma ferramenta importante na oferta desses benefícios. Quase todos os trabalhadores (96%) afirmaram que usariam mais o adiantamento salarial se ele pudesse ser solicitado de forma anônima, por aplicativo ou site interno. Já 80% demonstraram interesse em crédito consignado privado, modalidade que vem sendo chamada de “Crédito do Trabalhador”.

Plataformas digitais reduzem barreiras e tornam o acesso a benefícios muito mais simples e transparente. De outro, a orientação adequada garante que as soluções ligadas às finanças sejam utilizadas de forma consciente, transformando esses recursos em instrumentos de bem-estar. Além disso, quando os colaboradores estão com as economias em dia o nível de produtividade aumenta”, conclui Lage.

Segundo dados do Banco Central, o número de brasileiros endividados chegou a 78,8% das famílias em 2025, o maior índice dos últimos três anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também aponta que o Brasil está entre os países com maior prevalência de ansiedade e depressão no mundo, condições frequentemente associadas a dificuldades econômicas.

Especialistas alertam que, sem políticas de apoio financeiro e psicológico, as empresas podem enfrentar aumento no absenteísmo, afastamentos por doenças e queda de desempenho.

O levantamento da SalaryFits foi realizado entre maio e junho de 2025, com 1.029 trabalhadores de empresas públicas e privadas, nos regimes CLT e PJ. A amostra, dividida igualmente entre homens e mulheres, representa todas as regiões do Brasil, com média de idade de 41 anos, variando de 22 a 60 anos.

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