Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“Sem Papas na Língua”


08/07/2013

Foto: autor desconhecido.

De vez em quando nos sentimos incomodados com verdades que nos são ditas de forma inesperada. Existem pessoas que, sem medir consequências, falam tudo o que pensam e o que sentem, a qualquer hora, em qualquer lugar e para qualquer um. Popularmente chamamos essas pessoas de “sem papas na língua”.

Uma virtude ou um defeito? Na minha compreensão, isso vai depender da ocasião e com quem estamos falando. Há momentos em que se faz necessário soltar o verbo e dizer sem rodeios, tudo o que a outra pessoa precise ouvir, ainda que isso não lhe agrade. Essa atitude até pode fazer mal, mas também pode servir como um alerta para termos um maior cuidado com aqueles que nos rodeiam.
 

Aos ouvidos alheios, uma verdade repentina pode parecer uma grosseria ou falta de educação. E dependendo do ambiente, entendemos que o mais prudente será calar e transferir para outra hora mais adequada a manifestação do seu pensamento. Os “sem papas na língua” precisam aprender a ter sensibilidade, colocar um freio na língua. Porque ser verdadeiro não significa constranger, ou magoar.
 

Em suas pesquisas sobre a origem dos ditados populares, Câmara Cascudo nos informa que essa expressão surgiu de uma frase castelhana: “sen papillas en la lengua”, que fala sobre uma espécie de tumor no papo das galinhas, impedindo o seu cacarejo por deixa-las com a língua presa. Por isso se diz que a pessoa que fala demais, sem rodeios, sem limite nas palavras, é um “sem papas na língua”. Oportunos em algumas ocasiões, mas, muito mais, inconvenientes em outras.
 

Já falamos anteriormente sobre um ditado que tem muito a ver com esse: “quem diz o que quer, ouve o que não quer”. Portanto, é bom saber medir as palavras e verificar com inteligência quando, onde e com quem, devemos falar tudo o que nos vem a cabeça.
 

* Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados, expressões e provérbios)”

 


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