Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“Carta aos missionários”


30/01/2014

Foto: autor desconhecido.

Essa música, composta em 1989, por Marcelo Hayena, Cal e Nilo Nunes, do grupo de rock “Uns e Outros”, foi inspirada na decisão plebiscitária do povo chileno que deu um “não” a Pinochet. É um apelo à paz entre os povos, condenando os líderes políticos que, motivados por interesses do capitalismo selvagem e de ambição ao poder, produzem guerras, deixando a humanidade perdida em seus valores. Em 2005 foi regravada pela banda “Biquíni Cavadão”.

“Missionários de um mundo pagão/Proliferando ódio e destruição/Pelos quatros cantos da terra/A morte, a discórdia, a ganância e a guerra/a guerra…”. Os homens que dominam o mundo, cumprindo uma missão pagã, desprovida de espírito de justiça e fraternidade, exercem seu poder político baseados na ira, desavença entre semelhantes, estimulando a cizânia e a desarmonia. Vivemos um clima de hostilidade declarada, guerra entre nações, tensão entre indivíduos irmãos.

“Missionários e missões suicidas/Crianças matando crianças inimigas/Generais de todas as nações/Fardas bonitas, condecorações/Documentam a nossa história/Com seu rastro sujo de sangue e glória”. Os poderosos de plantão pregam missões que levam muita gente à morte, desde que seus interesses sejam alcançados. Obrigam jovens a irem aos campos de batalha, matarem outros jovens que elegeram como inimigos. São homens que se julgam capazes de decidirem a vida dos seus comandados. Vangloriam-se dos seus feitos, se mostram imponentes. Não se dão conta de que escrevem uma história negra, indigna, manchada com sangue e injustiça social. Infelizmente na concepção deles, razão para a glória.

“Vindo de todas as partes/E indo pra lugar algum/Assim caminha a raça humana/Se devorando um a um”. Os homens teimam em viver numa permanente luta fratricida. Não se respeitam, desejam cumprir seus ideais e realizar seus sonhos num combate em que há a necessidade de eliminar companheiros. Solidariedade é uma palavra desprezada no dicionário dessas pessoas.

“Gritei para o horizonte/Ele não me respondeu/Então fechei os olhos/Sua voz assim me bateu…” No desespero o “eu lírico” afirma que procurou resposta em Deus, mas o desânimo e a angústia não permitiram ouvi-Lo. Decidiu fechar os olhos para em prece pedir Sua intervenção, e então seu espírito recebeu o sopro da paz divina, como se quisesse dizer: calma filho, continue lutando pela paz, um dia ela será alcançada.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

 


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