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A face obscura dos bebês reborn, por José Ricardo Porto
25/05/2025

Na semana passada, uma informação foi destaque nos principais jornais do país. Constatou-se que em 2023, o número de crianças nascidas diminuiu pelo quinto ano seguido. Foram 2,52 milhões de nascidos, em uma redução de 0,7% em comparação ao ano anterior 2022. Com isso, o Brasil obteve o menor número de concebidos em quase 50 anos, desde 1976.
Corroborando essa informação e, em referência ao mesmo período, na Paraíba o número de divórcios aumentou 16,5%, enquanto que o registro de casamentos obteve expressiva redução, sendo essa, a maior média histórica do estado, segundo dados do IBGE.
Nesse contexto, observa-se uma espécie de desmonte da família brasileira, no momento em que o mundo passou a vivenciar um novo surto: o dos “bebês reborn”.
Os rotulados “bebês reborn” cuja tradução significa “renascido”, são bonecos fabricados a imagem semelhante à de crianças recém-nascidas. Costumam ser confeccionados com materiais como vinil ou silicone, passando por um processo minucioso de pintura, aplicação de cabelo fio a fio e outros detalhes que simulam a textura da pele humana.
O que podia parecer apenas mais um investimento da indústria de brinquedos, com novas opções para crianças, se tornou um surto psicótico de adultos alienados. Fazem chá de bebê, sessões fotográficas, certidões falsas de nascimento, carteirinhas ilusórias de vacinação, criam creches para os bonecos, promovem encontros de mãe reborn e até constituem psicólogos para legitimar tamanha alucinação. Com isso, essa histeria provocou grande engajamento nas redes sociais nas últimas semanas. Vídeos de “partos” e de “mães” de bebês reborn viralizaram nas plataformas digitais, ensejando acirrados debates.
A “brincadeira” com bonecos ficou tão séria que assombrou até o Congresso Nacional, a ponto de um projeto do deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) pretender impedir atendimento a bebês reborn pelo SUS. Já proposta protocolada pelo deputado federal Dr. Zacharias Calil (União-GO) prevê multa para pessoas que tentarem se beneficiar das filas preferenciais conduzindo seus bebês reborn. Por fim, a deputada Rosângela Moro (União-SP), apresentou o PL 2323/2025, que cria diretrizes para acolhimento psicossocial para quem tem vínculo intenso com os bonecos renascidos.
A preocupação chegou também na Igreja. O padre Chrystian, pároco com 3,7 milhões de seguidores no Instagram, se manifestou sobre os bebês reborn. O religioso fez um esclarecimento bem-humorado dizendo que não realiza batizado ou primeira comunhão de “boneca reborn”, nem, tampouco “oração de libertação para bebê possuído por um “espírito reborn”.
E na Justiça! A advogada e influenciadora Suzana Ferreira proclamou na sua própria rede social – instagram, que um casal em disputa da guarda de uma “bebê reborn” lucrava com contas da boneca nas redes sociais. Por este motivo, os ex-companheiros disputam, além da posse da boneca, a administração dos perfis que geram engajamento, publicidades e lucros. O absurdo histérico é contagiante.
Não é para menos tamanha repercussão, afinal, os famosos “bebês reborn” possuem uma face obscura devido a várias razões, tais como: 1. Alguns indivíduos podem usar “bebês reborn” como substitutos para relações humanas, o que pode levar a isolamento social e problemas emocionais; 2. A obsessão por “bebês reborn” pode ser vista como uma fixação mórbida, especialmente se ultrapassar os limites da realidade; 3. A dependência emocional de “bebês reborn” pode ter implicações negativas para a saúde mental, especialmente se não for abordada de forma saudável.
A grande verdade é que a face sinistra dos “bebês reborn” destaca a importância de abordar essas questões de forma crítica e reflexiva, considerando os impactos potenciais na saúde mental e nas relações humanas. Para alguns especialistas, inclusive, é uma insanidade de quem não deseja gerar filhos. E não podemos esquecer que embora os “bebês reborn” sejam extremamente realistas, eles não são verdadeiros e não podem substituir o ser humano.
As vezes, justificar o óbvio para malucos é uma tarefa hercúlea, sem futuro!
Se já não bastasse tamanha insensatez, o poder legislativo do Rio de Janeiro instituiu o dia da cegonha reborn, já vacinada contra a gripe aviária. Sem comentários: o Rio de Janeiro continua lindo!
Em Campinas, interior de São Paulo uma mulher querendo ser mãe reborn, furtou um boneco, fui condenada a quatro anos, 23 dias de prisão em regime fechado sem a companhia do filho reborn que voltou para as prateleiras de um shopping center.
O contato humano é essencial para o desenvolvimento emocional e social. Os “bebês reborn podem ser úteis em certas circunstancias, mas nunca alcançarão a complexidade e a riqueza da interação humana. Como diz a Karina Michelin é uma insanidade disfarçada de ternura.
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