Música
Saxofonista e compositor americano Wayne Shorter morre aos 89 anos
Com carreira de mais de seis décadas, o músico de jazz passou por grupos como Art Blakey's Jazz Messengers, Miles Davis's Second Great Quintet e Weather Report. Artista tem disco em parceria com Milton Nascimento.
02/03/2023
g1
O saxofonista e compositor Wayne Shorter morreu aos 89 anos, nesta quinta-feira (2), em um hospital de Los Angeles.
Segundo o jornal The New York Times, a informação foi confirmada por seu assessor, Alisse Kingsley. A causa da morte não foi informada.
Um dos maiores saxofonistas de jazz de todos os tempos, Wayne Shorter recebeu onze estatuetas do Grammy e vários outros prêmios importantes.
O artista iniciou sua carreira musical na década de 1960. E ao longo de suas mais de seis décadas de trajetória como músico de jazz, teve passagens por grupos como Art Blakey’s Jazz Messengers, Miles Davis’s Second Great Quintet e Weather Report.
O saxofonista Wayne Shorter durante apresentação com o pianista Herbie Hancock na Sala São Paulo, na capital paulista, em março de 2016 — Foto: Fábio Tito/G1
Nascido em Newark, ele também teve uma longa trajetória como solista e marcou sua história ao dar um novo contorno ao jazz moderno. Como compositor, assinou faixas como “E.S.P.”, “Nefertiti”, “Footprints”, “Black Nile” e, mais recentemente, “Scout” e “Pegasus”.
Lançado em 1974, o “Native Dancer”, 15º álbum de carreira de Wayne Shorter, foi gravado em parceria com o cantor brasileiro Milton Nascimento. O disco traz em suas faixas uma junção de jazz, rock, funk e ritmos regionais brasileiros.
Em uma homenagem postada ao saxofonista nas redes sociais, Milton Nascimento afirmou que, em 2022, quando se apresentou em Los Angeles, fez uma visita ao músico em casa. “Ele não conseguiu ir me assistir, pois havia sofrido um acidente doméstico na noite anterior, mas dei um jeito de ir até a sua casa, e tivemos uma tarde linda, digna dos nossos tantos anos de irmandade e história”, explicou Milton.
Wayne Shorter — Foto: Redes Sociais
Além do jazz, o músico também trabalhou com nomes de outros estilos. Ao longo da carreira, gravou com Carlos Santana, Joni Mitchell, Steely Dan e The Rolling Stones.
Fora da música, Shorter também é autor da história em quadrinhos “Other Worlds”, que traz 58 páginas desenhadas à mão.
No álbum “Emanon”, projeto lançado em 2018 e que conta com três discos, Shorter também incluiu outras histórias em quadrinhos escritas por ele em parceria com Monica Sly. A obra traz ilustrações de Randy DuBurke.
O “New York Times” já descreveu Shorter como um dos músicos em atividade com maior capacidade de improvisação. “Ele não é apenas um dos maiores compositores de jazz, mas também o anjo do esoterismo, um ancião iluminado e misterioso”, definiu o jornal.
“Acho que a música abre portais e portas para setores desconhecidos nos quais é preciso coragem para entrar”, disse ele, em uma entrevista publicada em seu site oficial. “Eu sempre acho que existe um potencial que todos nós temos, e podemos emergir, nos elevar a esse potencial, quando necessário. Temos que ser destemidos, corajosos e recorrer à sabedoria que pensamos não ter.”
Em 2017, o artista foi homenageado com o Prêmio Polar, considerado o “Nobel da música”. Segundo o júri, o artista foi premiado sua qualidade de “explorador musical”, que ao longo de “uma carreira extraordinária, buscou constantemente novos caminhos que não haviam sido transitados”.
“Sem as explorações musicais de Wayne Shorter, a música moderna não teria chegado tão fundo”, destacou o júri, lembrando que o agraciado definiu uma vez seu trabalho como “uma perfuração em busca de sabedoria”.
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