Política

Roberto Freire desmistifica tese de que o Cidadania esteja próximo de Bolsonaro e diz que partido se mantém no campo de centro-esquerda

Presidente nacional diz que Cidadania se preocupa em renovar o “pensamento político-partidário” e que busca nacionalmente o diálogo franco e moderno com as representatividades sociais, democratas e até os sustentáveis (verdes).


04/02/2020

Roberto Freire é presidente nacional do Cidadania (reprodução)

Por Ângelo Medeiros

Uma das teses que se levantaram no meio político paraibano após o governador João Azevêdo anunciar a filiação ao Partido Cidadania (ex-PPS), na última sexta-feira (31), foi de que ele estaria tendencioso a deixar o campo democrático popular de esquerda – com a saída do PSB – para alinhar-se politicamente a movimento próximo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No entanto, essa ideia não tem sido bem recepcionada pelo próprio Chefe do Executivo e pelos dirigentes partidários, que seguem aquilo que é defendido pelo presidente nacional da legenda, Roberto Freire.

Em entrevista concedida ao Portal Yahoo, Freire afirmou que o Cidadania se mantém no campo de centro-esquerda, com possibilidade de diálogo franco e moderno com todas as forças políticas, entre socialistas e democratas, liberais e os chamados verdes, a exemplo da Rede e também do Partido Verde (PV), em nível nacional.

Questionado se o Cidadania se coloca como um partido de centro, de direita ou de esquerda, Roberto Freire foi direto: “Os referenciais estão conturbados. Mas para não fugir da pergunta, o Cidadania é um partido de centro-esquerda. Tenta hoje aquilo que é o bom diálogo do século XXI, entre sociais democratas, o que nós representamos, os originários do velho PCB, e liberais progressistas, que estão aí no limiar da nova sociedade”, afirma.

Ronaldo Guerra, ao centro, entre o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire e o governador João Azevêdo – Assessoria

Em sua fala, ele também fez crítica a falta de modernização de pensamento e bandeiras defendidas por algumas forças políticas de esquerda. “Você vê, por exemplo, os partidos tradicionais da esquerda não são capazes de entender essa sociedade das redes, da robotização, da inteligência artificial. Um exemplo é defender a estatização do sistema financeiro, dos bancos. Como, se hoje essas instituições estão na nuvem, não têm estrutura física, nem regulação de algum banco central? (…) Eles estão prisioneiros de realidades que estão deixando de existir, pela emergência dessa nova sociedade, das novas organizações, novas relações sociais, novas relações de trabalho, nova forma de produzir riqueza. Eu sempre lembro da Revolução Industrial, quando uma parte da esquerda se revoltou com as mudanças e criou o movimento dos ludistas, que quebravam as máquinas. Hoje, alguns querem quebrar o mundo digital”.

Roberto Freire ainda afirmou que as forças políticas precisam confirmar os valores de solidariedade, da busca da igualdade, da justiça, da liberdade, segundo ele, valores que sempre tiveram presentes no pensamento progressista e de esquerda. “E é isso o que o Cidadania pretender fazer nesse novo mundo, tendo como companhia os liberais e os verdes. A sustentabilidade é muito importante. Temos conversas com a Rede, o PV. Cidadania tenta dizer, portanto, que essas três forças (sociais democratas, liberais e verdes) têm que estar em diálogo para esse mundo do futuro”, concluiu.



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