Música
Paulistanos da Gritando HC chegam a João Pessoa com show e novo álbum, e destacam ‘conexão’ com o Nordeste
25/07/2025

Delos Sidney
A renomada banda Gritando HC está em turnê pelo Nordeste e se apresenta no dia 16 de agosto, às 16h, na Vila do Porto, em João Pessoa. O publicitário, músico e produtor cultural Delos Sidney entrevistou a vocalista da banda, Lê, que falou sobre o grupo e a tour na região.
Delos – Lê, você pode fazer um resumo da história da banda Gritando HC pra gente?
Lê – Gritando HC é uma banda paulistana fundada por mim (Lê) e pelo Donald entre 1993 e 1994. O desejo de montar a banda surgiu por vários motivos. Era uma época em que quase não havia shows de bandas que a gente curtia. A gente se reunia com amigos nas praças, ouvindo fitas cassete com várias regravações das bandas que nos influenciaram. Também foi uma forma que encontramos de expressar nossa insatisfação com o sistema explorador e opressor que perpetua a desigualdade social, a destruição do meio ambiente e as injustiças. A identidade com o Punk e todas as suas vertentes está nas nossas veias é a nossa essência, e isso é imutável.
Delos – Vocês tiveram algum apoio para essa tour no Nordeste? Quais foram as principais dificuldades antes da tour?
Lê – Nosso apoio vem da Breakdown midia, de Fortaleza. Nossa maior dificuldade tem sido conscientizar o público sobre a importância da compra antecipada dos ingressos, que é fundamental para dar sustentação à turnê. Há diversos gastos envolvidos, como hospedagem, alimentação nos dias de folga, translados internos, entre outros. Tudo isso precisa ser reservado com antecedência, e os recursos vêm justamente da venda antecipada não queremos que nenhum show caia no meio do caminho por falta de estrutura.
Delos – Como tem sido a recepção do público nordestino durante a tour? Alguma experiência marcante até agora?
Lê – A banda já faz esse percurso nordestino desde os tempos antigos. Tudo começou quando o Donald foi pela primeira vez ao Abril pro Rock, em Recife, levando material da banda não lembro o ano exato, mas foi no fim dos anos 90. Nossa fita demo já tinha circulado por lá antes dessa ida, na época em que nos correspondíamos por carta. Esse foi o primeiro marco, o pontapé inicial para o laço forte que temos hoje com o Nordeste.
Quando tocamos pela primeira vez lá, em 2002, foi tão marcante que eu literalmente sonhava com o que tinha vivido e não via a hora de voltar. E voltamos: 2003, 2006 (um marco na nossa história e também para o público da época, com casas cheias), depois seguimos com as tours de 2014, 2015, 2016 e 2019 essa última em celebração aos 25 anos da banda. Impossível não ter histórias pra contar! Chamo carinhosamente esse laço de “minha vida nordestina”. Tenho amigos que estão com a gente desde então. São anos de amizade que só conseguimos manter nos encontros das turnês. Criamos conexões verdadeiras, conhecemos e fortalecemos a cena de cada cidade, aprendemos com a cultura local… saímos da bolha. Eu gosto de conhecer quem curte nosso som, estreitar laços e valorizar o público.
Delos – Ainda existe desafio em fazer uma banda de punk/hardcore com vocal feminino no cenário musical atual? Se sim, quais?
Lê – Sim, ainda existem desafios, desde sempre. Eu comecei numa época em que esse espaço era totalmente a ser desbravado. Romper barreiras foi inevitável e necessário não era comum ver mulheres em bandas, era “coisa de menino”, assim como o skate.
Apesar de termos conquistado algumas vitórias ao longo do tempo, o mercado musical no nosso gênero ainda é majoritariamente masculino. Os produtores de festivais, em geral, não têm um olhar equitativo. Algumas bandas com mulheres só conseguem se manter nos grandes palcos porque têm gravadoras, selos ou apoio de bookings fortes. Isso ajuda e muito qualquer banda independente, mas a realidade é que a maioria continua sendo composta por homens. Bandas com mulheres ainda ocupam uma fatia bem menor do mercado, mesmo que tenham grande relevância dentro da cena.
Delos – Quais são os próximos passos ou projetos após a tour pelo Nordeste?
Lê – Nosso foco agora é continuar trabalhando no lançamento do disco Libertariamente, manter uma agenda ativa, produzir alguns clipes, tocar o máximo possível e também expandir para outros países da América Latina.
Da minha parte, sempre foi e vai ser assim até o fim: uma entrega de vida. É onde me conecto com o mundo, é minha base, é quem eu sou. Conheci pessoas e lugares incríveis por meio da música. Isso me fez evoluir. A música me salva todos os dias.
Acesse o instagram da banda e confira todos os locais que irão tocar: https://www.instagram.com/gritando.hc/
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