BRASIL 247 – O Palácio do Planalto avalia que a CPI do Crime Organizado, que será instalada nesta terça-feira (4) no Senado, pode causar mais desgaste político ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do que a comissão que investiga os descontos irregulares de aposentados e pensionistas do INSS, informa Jussara Soares, da CNN Brasil.
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A nova CPI, anunciada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro — que resultou em 121 mortos —, deve se concentrar na atuação de milícias e facções criminosas.
Estratégia política e risco de narrativa
Aliados do Planalto reconhecem, nos bastidores, que a oposição pode explorar o tema da segurança pública como principal pauta política até 2026. A avaliação é que a direita tentará usar o debate sobre o crime organizado para desgastar o governo e frear o crescimento da popularidade de Lula.
Se o governo for empurrado a falar apenas de segurança, pode perder a narrativa para a oposição, admite uma fonte próxima ao Planalto. Isso porque o tema costuma favorecer setores conservadores, enquanto a esquerda tende a buscar equilíbrio entre o combate ao crime e a defesa dos direitos humanos.
Articulação no Senado
Para evitar que a CPI se torne um palanque oposicionista, o governo prepara uma ofensiva política. O líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), e o senador Rogério Carvalho (PT-SE) devem integrar a comissão, ao lado de aliados como Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (MDB-SE), que pleiteia a relatoria.
A oposição, por sua vez, deve indicar nomes como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sergio Moro (Podemos-PR) e Marcos do Val (Podemos-ES), o que tende a elevar o tom político dos trabalhos da comissão.
Pesquisas e comunicação do governo
De acordo com a CNN Brasil, o PT e o Planalto planejam pesquisas para medir a percepção da população sobre a operação policial no Rio de Janeiro. O objetivo é definir o discurso do governo em relação ao combate ao crime organizado e ajustar a comunicação política.
O presidente Lula tem sido orientado a evitar declarações improvisadas sobre segurança pública, a fim de não oferecer munição à oposição. As recentes pesquisas de opinião apontam que o governador Cláudio Castro (PL) saiu fortalecido após a megaoperação.
Um levantamento da Genial/Quaest mostrou que 64% dos fluminenses aprovaram a ação policial contra o Comando Vermelho. Já o Datafolha registrou o maior índice de aprovação da gestão de Castro desde 2022, com 40% dos moradores da capital e da região metropolitana classificando o governo estadual como ótimo ou bom.
A CPI do Crime Organizado promete ser o novo campo de disputa política entre governo e oposição no Congresso, com potencial para reconfigurar a agenda pública nos próximos meses.
