A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) declarou nesta sexta-feira (23) que o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso, na abertura da Cúpula de Líderes sobre o Clima desta quinta-feira (22), em que se ausentou dos seus erros e mentiu sobre o desmonte dos órgãos e das políticas de proteção ambiental no Brasil. “O discurso que foi dado ontem foi um discurso ao vento, porque não tem base de realidade. Nem o Brasil nem o mundo tem como acreditar em Bolsonaro”, afirmou.
Marina Silva disse ainda que o presidente Bolsonaro “perdeu uma oportunidade de se redimir diante da população brasileira e da comunidade internacional, se antes de fazer o discurso ele tivesse feito uma autocrítica, assumindo que desmontou a governança ambiental brasileira e de que enfraqueceu o Ibama, ICMBio, o Serviço Florestal Brasileiro e o Instituto de pesquisas Espaciais, que faz o monitoramento por satélite na Amazônia”, destacou a ambientalista durante entrevista ao programa Arapuan Verdade.
Eleições 2022
Questionada sobre o cenário político para as eleições presidenciais de 2022, e se irá mais uma vez entrar na disputa, Marina declarou que ainda vai conversar com nomes e lideranças, pois deseja buscar uma convergência de projetos e não apenas “o poder pelo poder”. A ex-senadora destacou que o momento é de discutir um projeto de futuro para o país.
“Eu participo de um debate político que tem o compromisso de apresentar um projeto para o Brasil. Esse é o projeto ao qual estou me dispondo. O Brasil está vivendo o empobrecimento da política, com um debate voltado para o nome de Bolsonaro ou nome de Lula. É isso que levou o nosso país a crise que nós estamos vivendo. Ninguém quer discutir um projeto de país, as pessoas querem discutir um projeto de poder. Eu venho dizendo desde 2010, nós temos que discutir um horizonte para o Brasil”, disse Marina Silva.
Ela ainda enfatizou que “agora não é o momento de se discutir um nome, agora é o momento de colocar o foco em quais são as propostas para enfrentar o problema da pandemia, quais são as propostas para a recuperação, econômica, social e ambiental do Brasil? Quais são as propostas pra gente acabar com essa polarização?”, refletiu a ex-ministra.
Marina disse que pretende debater com vários segmentos da sociedade para juntos encontrarem o melhor nome para derrotar Bolsonaro. “Eu estou mobilizada para esse debate. Não é só uma eleição, é a gente ter um ideal, um horizonte pra essa nação”, disse.
Partido dos Trabalhadores
A ex-ministra afirmou que deseja uma união entre esquerda, centro-esquerda, e alguns setores de centro-direita como alternativa contra a polarização no país e para a derrota de Jair Bolsonaro na próxima corrida presidencial. Ela também destacou que considera o PT como um dos responsáveis pela divergência extrema entre a população brasileira e pela ascensão do atual presidente da república ao comando do Brasil.
“Eu quero que haja uma união sim para derrotar o Bolsonaro. Eu gostaria muito e torço para que o PT faça uma autocrítica, que reconheça seus graves erros, inclusive de ter fortalecido essa polarização, que contribuiu para que o Bolsonaro acabasse se fortalecendo e chegando ao poder”, disse Marina Silva.
Durante a entrevista, Marina também citou coisas boas deixadas pelos governos PSDB e PT, como o plano real criado pelo primeiro, que beneficiou a economia brasileira, e os programas sociais criados pelo partido dos trabalhadores que foi crucial para distribuição de renda e combate a fome. Perguntado sobre o que o atual governo deixaria de bom, a ex-ministra do Meio Ambiente foi enfática: “O Bolsonaro esta deixando um legado de destruição, é isso que ele está deixando para o país”, disse a ambientalista.
