O superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores de Lima, responsável pelo ato administrativo que impossibilitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de comparecer ao enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, realizado nesta quarta-feira (30), em São Bernardo do Campo, justificou sua decisão com um argumento prosaico: “simplesmente não era possível”.
“Temos que botar na balança se é possível e se o pedido vai ser alcançado”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Eu não entendi a polêmica. Simplesmente não era possível, não dependia da boa vontade de ninguém. Apenas não havia condições logísticas e policiais suficientes para garantir a segurança do próprio conduzido e dos agentes públicos”, completou.
Apesar do pedido feito pela defesa de Lula para que ele pudesse comparecer à cerimônia, tanto por razões humanitárias como pelo fato dodireito estar previsto em lei, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, somente autorizou que Lula deixasse o cárcere da PF em Curitiba, onde é mantido preso por razões políticas, após duas negativas feitas por instâncias judiciais inferiores e minutos antes do sepultamento.
Flores alegou, ainda, a falta de condições logísticas e de segurança para realizar o transporte e a escolta do ex-presidente de Curitiba até São Bernardo do Campo. Ainda segundo ele, o risco de manifestações e aglomerações também poderiam colocar em risco a vida de Lula ou mesmo criar algum tipo de possibilidade de fuga.
“Vocês viram, todos são testemunhas da dificuldade que é tirar alguém de um local cercado por uma multidão que, por uma razão ideológica, não quer que uma medida judicial, dentro de um Estado de Direito, seja cumprida”, destacou Flores em referência as manifestações feitas por ocasião da prisão de Lula, em abril do ano passado.
Flores avaliou, também, que a previsão legal de saída para acompanhar o velório de familiares, conforme previsto na Lei de Execuções Penais, não é obrigatória. “Pode ser feito, não significa que deve ser feito. Cada caso deve ser analisado”, ressaltou.
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