Economia
Os desafios de Galípolo como novo presidente do Banco Central
01/01/2025
Veja
O novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, assumiu o cargo nesta quarta-feira (1º) e terá uma série de desafios para enfrentar na gestão do órgão para buscar equilibrar a economia nacional. Um dos nomes mais jovens a chegarem à presidência do BC, Galípolo foi escolhido para a função pelo presidente Lula (PT), que há algum tempo vem dando sinais de interesse do Poder Executivo de interferir nas políticas de juros.
O primeiro desafio que Galípolo terá de enfrentar como novo presidente do BC será a inflação, que segue fora dos patamares considerados desejáveis pelo governo. Galípolo fez questão de, nos últimos meses, sinalizar constantemente que vai trabalhar para conter a inflação e que o papel do BC é técnico, numa tentativa de se alinhar ao até então presidente Roberto Campos Neto e de afastar os maus agouros em relação ao seu futuro no BC. Mas não houve trégua: em entrevistas recentes, Lula foi categórico em criticar o atual patamar de juros no Brasil e afirmar até mesmo que ele não é condizente com a realidade. Trata-se de mais espinhos pelo caminho de Galípolo, afinal, à frente do BC, ele terá o importante desafio de cuidar das expectativas dos investidores, o que só seria feito se a política monetária for independente o suficiente para trafegar na direção exigida no momento, conforme a inflação.
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Outro tema sensível é o câmbio. Na cerimônia de posse de Galípolo, Haddad concedeu entrevista a jornalistas em que afirmou que o câmbio não é fixo no Brasil e que o dólar “esse ano de 2024 termina muito forte no mundo todo”. Trata-se também de um desafio grande para o BC, que já injetou mais de US$ 30 bilhões para conter a desvalorização cambial e as disfuncionalidades identificadas no mercado. O câmbio, como canal de contaminação para a inflação, deve continuar como peça-chefe no xadrez de Galípolo no BC. “Eu penso que as intervenções do Banco Central foram corretas, no sentido de dar liquidez para quem estava eventualmente fazendo remessa, enquanto o mercado processava as informações a respeito das medidas fiscais”, disse Haddad.
O cenário externo também permanece no foco do BC de Galípolo, diante da chegada do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Com uma agenda considerada inflacionária e protecionista, o trabalho dos bancos centrais de países emergentes ficará ainda mais difícil, dado que uma inflação mais alta na maior economia do mundo representa juros mais altos por lá e, consequentemente, por aqui. O caminho de Galípolo está traçado. Agora, só o tempo dirá quais obstáculos serão superados.
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