É indiscutível que a música tem poder. Através dessa manifestação artística são reveladas expressões de sentimentos, desejos, decepções, mas também críticas que provocam reflexões sobre a sociedade em que vivemos. Nas letras das canções encontramos, muitas vezes, inspiração para agir como promotores de mudanças sociais e políticas. Durante a ditadura militar do século passado, no Brasil, artistas inseriam em suas composições mensagens subliminares, numa estratégia para driblar a censura. O subjetivo atuava, então, como importante aliado cultural dos protestos coletivos.
Músicas questionadoras do contexto sociopolítico de cada época transformaram a arte em instrumento de protesto e conscientização — a melhor forma de enfrentar e combater a alienação cultural. As denúncias ganham maior poder de mobilização quando dirigidas a governos incapazes de conviver com a democracia. Nas construções poéticas, os compositores engajados exploram temas considerados indesejáveis pelos governantes de plantão, funcionando como um toque de despertar para realidades intencionalmente ocultadas.
São símbolos sonoros com caráter revolucionário e transformador, expressões de resistência cívica que gritam — e cantam — contra intolerâncias e desigualdades. As canções de protesto alimentam movimentos populares, funcionando como armas de luta pacífica. Possuem a capacidade de formar opinião pública, influenciar comportamentos e encorajar o ativismo político. Ainda que conhecidas como canções de protesto, falam de paz, justiça, esperança e amor — justamente quando tudo isso parece faltar em determinados momentos históricos.
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A turbulência política dos anos 1960 estimulou a produção dessas canções, que ultrapassaram o papel de mero entretenimento para afirmar-se como instrumentos de transformação social e conscientização política. Tornaram-se, assim, o relato histórico de uma época de resistência ao poder ditatorial — a chamada “Era dos Festivais”.
São canções que se eternizam. Sempre que eclode um sentimento de insatisfação política, elas voltam a ser entoadas, porque se transformaram em hinos. Unem pessoas, despertam paixões, encantam ouvidos, inspiram mentes e aquecem corações. Traduzem o que muitos gostariam de dizer diante da indignação. Artistas corajosos usaram a música como arma pacífica para enfrentar a opressão e a injustiça. E como é bom interpretar suas mensagens e cantá-las na vibração entusiasmada de uma luta!