Sem método, a meta vira discurso.
Sem disciplina, o esforço vira desperdício.
Você já percebeu como é comum ver empresas cheias de metas… e vazias de método?
Elas falam em resultados, mas não falam em processo. Exigem performance, mas não ensinam o caminho. E é justamente aí que mora o abismo entre o que se sonha e o que se entrega.
A frase do professor Vicente Falconi ecoa como um alerta: quando você fala em metas, tem que estar falando em método. Mas, em muitas organizações, gestores continuam acreditando que a meta, sozinha, inspira, organiza e resolve. Não resolve. Meta sem método é só vontade com prazo.
Gestão não é sobre desejar o resultado, é sobre desenhar o caminho.
E método significa exatamente isso: padronização, controle, clareza, rotina, acompanhamento. Significa transformar o talento em sistema, a execução em hábito, o sucesso em processo.
O problema é que muitos gestores ainda vivem num modelo intuitivo de liderança. Acreditam que, se pressionarem o time e colocarem metas mais desafiadoras, o resultado vem. Vem nada. O que vem é cansaço, frustração e desperdício de energia.
A gestão intuitiva é como um carro potente sem direção hidráulica: até anda, mas exige um esforço desnecessário.
Quando não há método, cada colaborador cria o seu.
E o resultado disso é previsível: desalinhamento, ruído e retrabalho. A empresa até avança, mas em zigue-zague. É como remar com dez pessoas no barco, cada uma num ritmo e direção diferentes. O esforço é imenso, mas o progresso é pequeno.
Falconi dizia que método é padronização, gestão à vista, indicadores, reuniões de acompanhamento, plano de ação e correção de rota.
É o conjunto de práticas que transformam a cultura de uma empresa de “cada um por si” para “todos por um propósito comum”.
Sem isso, a meta vira só um cartaz bonito na parede.
E tem outro ponto que poucos falam: não adianta cobrar método se você nunca ensinou método.
Gestores muitas vezes exigem que as pessoas atinjam metas, mas nunca mostraram como estruturar um plano, como acompanhar indicadores, como ajustar o que não está dando certo.
A liderança se torna um exercício de cobrança, não de desenvolvimento.
Esse é o ponto mais perigoso da gestão superficial:
gasta-se energia com o o que (a meta), mas negligencia-se o como (o método).
E quando o como não é claro, o resultado se torna refém do improviso — e do humor do dia.
O impacto disso é enorme.
Equipes desmotivadas porque não entendem os critérios de sucesso.
Reuniões intermináveis que discutem o mesmo problema, sem avançar uma vírgula.
Planos de ação que nascem cheios de entusiasmo e morrem na primeira semana.
E, o pior de tudo: a crença de que o problema está nas pessoas, quando na verdade está na falta de sistema.
Gestão não é talento. É método.
E método se aprende, se pratica e se melhora.
Quem domina método cria previsibilidade.
E previsibilidade é o que dá consistência ao crescimento.
O gestor que quer escalar resultados precisa deixar de ser apenas um resolvedor de problemas e passar a ser um construtor de sistemas.
Sistemas que permitam que o resultado dependa menos do esforço individual e mais da qualidade do processo.
Porque, no fim, o que diferencia uma empresa que cresce de uma que se esgota é simples: uma tem método, a outra tem desculpas.
As organizações do futuro, e os líderes que as conduzirão, entenderão que a execução é uma ciência. Que metas não são gritos de guerra, são compromissos operacionais. E que, sem método, nenhuma meta resiste ao tempo.
Então, da próxima vez que você for falar em metas, lembre-se: o discurso é bonito, mas o método é o que transforma.
A meta aponta o norte, o método constrói o caminho.
Filipe Andson
Gestor com vasta experiência na transformação dos negócios por meio da Gestão e Liderança.
Há 15 anos, faz parte do board diretivo de uma grande empresa varejista brasileira, atualmente como CDO do grupo.
Contribuiu também como Vice-Presidente de Planejamento e Governança do PMI.
Criador do Framework Gestão Alto Impacto e escritor de livros sobre gestão e uso de Inteligência Artificial para gestores.
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