
Quem trabalha com a bovinocultura leiteira pensa nas vacas em produção, mesmo que seja pequena a criação, isso porque são responsáveis por 90% do faturamento de uma propriedade que tem a pecuária leiteira como sua principal atividade.
Entretanto, vacas secas e animais de outras categorias mais jovens formam em torno de 60% do rebanho e são importantes para a saúde e equilíbrio da atividade. Esses animais vão manter o ciclo de reposição das vacas em lactação e manter a produção de leite constante.
Essa proposta de criação e manutenção do rebanho vem do Estado do Paraná, onde é executada com bons resultados no município de Iratema, mas poderá ser adotada também no semiárido nordestino, bastando seguir a orientação técnica e as precariedades da região. Os bons resultados no Estado do sul do país como aconteceu com a orientação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), com a mudança no manejo do rebanho, conseguindo evitar a perda de animais, como também equilibrou os custos da recria de novilhas.
A propriedade de Emerson Rodrigues hoje conta com uma Unidade de Referência voltada a recria de bezerras. Ele está fazendo o manejo sanitário e nutricional do rebanho com resultados positivos. No entanto, o produtor enfrentava um problema sério de mortalidade de animais jovens. Rodrigues não conseguia manter novilhas para a reposição do rebanho. O problema que busca solucionar junto aos centros de pesquisas.
Metas
Para chegar a esse resultado o zootecnista Jorge André Fernandes, do IDR-Paraná de Iretama, estabeleceu metas de ganho de peso e alterou o jeito de lidar com os animais na propriedade. “Antes não era feita a desinfecção do umbigo, nem a oferta de colostro de boa qualidade para as bezerras. Todas elas ficavam no mesmo local, tanto as mais novas quanto as maiores. Hoje, assim que as bezerras nascem elas são colocadas para mamar o colostro o mais rápido possível. Faz-se a desinfecção do umbigo. Elas mamam o colostro por um período de cinco a sete dias e depois são levadas para ambientes individuais”, explicou Fernandes. A partir daí cada bezerra é tratada individualmente. Os animais são pesados mensalmente e, a partir do peso, é definida a quantidade de ração que cada bezerra vai receber. Com três meses de idade, ou quando atingem 110 quilos, os animais vão para uma baia coletiva, mas ainda com bezerras da mesma idade. No tempo adequado é feita a vacinação contra a brucelose e clostridioses. De acordo com Jorge André, o objetivo é fazer com que os animais jovens atinjam o peso de cobertura o mais rápido possível. “Estamos muito contentes com o nosso desenvolvimento. Já estamos com 24 novilhas com idade entre 14 e 25 meses”, afirmou o produtor. Ao todo, Emerson tem 75 animais, dos quais 23 estão em lactação.
Além de buscar um equilíbrio entre o número de vacas em lactação e vacas secas, esse trabalho mantém o custo da recria dos animais dentro do orçamento do processo de produção. A propriedade de Emerson Rodrigues hoje é um modelo no município quando se fala em recria de bezerras. Segundo os extensionistas, a maioria dos criadores na região apenas faz a desinfecção do umbigo e fornecem o colostro para as bezerras. Práticas como a separação em baias por idade e a alimentação individualizada ainda não fazem parte da rotina das propriedades. Em decorrência disso, não é raro que os produtores percam animais pela ocorrência de problemas sanitários, o que poderia ser evitado com um manejo mais adequado. Com dados de Roberto Junior Monteiro, do IDR-Paraná.
Escrito por: José Nunes

