Para Willis Leal
Se existe alguém no Estado da Paraiba de experiência até internacional, portanto, com conhecimento de causa para falar sobre Carnaval na perspectiva cultural, de base antropológica e de natureza turística este personagem chama-se Willis Leal – um dos mais profundos conhecedores da festa de Momo dentro e fora de João Pessoa.
Este ano, se reabilitando de cirurgia cardíaca, Willis não teve tempo para reacender a polêmica sobre por que João Pessoa se mantém como ambiente de repouso para turista e morador local, quando os tempos passados mostram que a cidade tinha sim vocação para produzir carnaval participativo?
São muitos os fatores, mas os principais passam pela distância criada entre os promotores oficiais e privados da população em si envolvendo as várias camadas sociais.
CAUSA E EFEITO
Este ano quem ficou em João Pessoa ou foi por opção de descanso mesmo ou por falta de grana para deslocamento a outros lugares, sobretudo Recife/Olinda, Salvador e Rio de Janeiro.
Há quem ateste com base em estudos superficiais que a crise financeira em curso no Brasil fez muita gente desistir de viajar para outros estados ou até mesmo Exterior.
Com o dólar batendo na casa dos R$ 4,00, de fato a maré não está para peixe real.
Nos bairros, ali ou acolá, percebem-se iniciativas particulares de foliões natos porque, em nome da crise a PMJP, não levou Polos de folia para os diversos cenários de praia e periferia.
Até ano passado, eles existiram.
O BURACO MAIS EMBAIXO
Willis fala com certa razão que a Elite, da classe média para cima, resolveu criar o Folia de Rua na prévia para brincar o carnaval em Recife, Olinda e alhures, ao invés de estender até o Carnaval.
O cineasta, turismólogo e um dos mais antenados intelectuais da cidade fala com conhecimento de causa e mostra com facilidade números para esse êxodo continuado ao longo dos tempos.
E AGORA, O QUE FAZER?
Esta é uma pergunta que só poderá ser respondida pelo futuro prefeito da cidade, depois da disputa de outubro próximo, porque é indispensável a tomada de decisão política de fazer um Carnaval consistente nos bairros e orla marítima, sem que esquecer nosso extraordinário Centro Historico – ambiente adequado para uma programação múltipla para as varias gerações.
Com esta decisão, se houver dialogo e negociação para construir o novo modelo com a iniciativa privada nos vários níveis, certamente a Capital das Acácias poderá voltar a ser um ambiente de Frevo, Maracatu, Samba, Hip Hop, Regaee e tudo o que vier de bom.
Por enquanto, vamos ficando por aqui observando as ladeiras com vento e turistas à cata de um frevinho qualquer.
ULTIMA
“A nossa vida é um carnaval/
A gente brinca escondendo a dor…”