Eis que a crise econômica se consolida batendo a porta de pobres e ricos e abatendo o país com uma onda de negativismo generalizado nunca visto antes. Mais: com apoio da mídia. Esta, sem defender a autoestima nem os valores nacionais e prestando um desserviço. E outro fantasma, o desemprego, é real. Só em Recife, PE, já são mais de 250 mil desempregados. Lamentável.
Ocorre que durante as crises as pessoas continuam a viver. Alimentação, moradia, vestimenta, transporte, combustível, escola, diversão, tudo continua a existir. Suas necessidades de sobreviver naturalmente empurram-nas para busca de saídas inteligentes, criativas. Assim, o mercado tenta driblar a crise, e o governo equilibrar a balança comercial. Difícil. Muito difícil essa equação em meio à turbulência. Ainda, a política do país imprime pessimismo, imagem abaixo da crítica, falta de confiança.
Temos andando pelas ruas, lugarejos, cidades. A fotografia é uma só: de descrédito, decepção com o governo, desesperança, dúvida, conflito, arroxo. As pessoas buscam diversão barata como praia e parques e shows ao vivo em público bancados por instituições, passeios em shoppings centers, entre outros. A violência tem índices perversos.
Lojas têm proposto queimas de saldo, descontos, promoções, aumentos de prazos para pagamento, etc. Algumas, como uma livraria no Rio de Janeiro, com bancas eletrônicas instaladas em pontos de venda dentro do metrô, resolveram pela média e oferecem produtos que o consumidor avalia o quanto deseja pagar. Existe lá um cartaz estampado: PAGUE QUANTO VALE. Acompanha um asterisco: * mínimo de R$2,00 para cada livro. Outro exemplo, um Café, propõe também que se pague quanto achar justo. E exibe na parede uma planilha de custos. Assim, a frequência aumenta, o consumidor sai satisfeito, e o empreendedor consegue pagar as contas do mês como salários, fornecedores, impostos, etc.
Observamos a tudo e todos. E ficamos a imaginar a vida daqueles miseráveis, moradores de rua. Se já não tinham nada, para onde então estariam agora sendo empurrados? A saída parece ser cooperar, compartilhar, dividir. Assim, os restos, as migalhas, serão sempre fartas e nunca faltará nada a ninguém. Vale também lembrar o trabalho voluntário de ajuda a comunidades carentes, deficientes, doentes, crianças, idosos, e outros. No mundo esse número passa de 120 milhões de voluntários.
Ainda pensando, observamos no campo, as plantações, o sol, as águas, as safras de frutas e outros gêneros, e passamos a imaginar que o problema é mesmo dos homens, que apesar de tanta ciência, mal sabem administrar suas economias, sua ética, e sua moral. E por isso pagam o preço de suas atitudes inadequadas, insustentáveis, politicamente incorretas e desastrosas. O homem assim, paga o quanto vale e estamos todos no mesmo barco. Mas tudo passa…
Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing.
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Escrito por: Gil Sabino