A boemia não é um estilo de vida assumido em épocas recentes. O ser humano sempre experimentou um comportamento de predileção por festas, orgias, fuga dos compromissos pautados nas regras e disciplinas. No entanto, o termo boemia ganhou esse sentido um tanto pejorativo num comparativo aos bacanais promovidos em tempos remotos pela realeza da Boêmia, região hoje incorporada à Checoslováquia.
Um estigma que marcava as pessoas acostumadas a noitadas, vivência nos bares, cheias de vícios, consumidoras exageradas de bebidas alcoólicas, etc. Os boêmios, muitas vezes, eram confundidos com vagabundos, vadios, vivendo à margem das normas sociais.
Esse modo de viver na boemia, todavia, tornou-se mais comum nos ambientes da intelectualidade. Foram nos bares noturnos e nas rodas de amigos ligados à cultura que surgiram grandes obras do cancioneiro popular brasileiro. Nomes consagrados da nossa música buscaram inspiração nas divertidas noites da boemia. Esse é o cenário também de manifestação do talento de boa parte dos poetas, dos romancistas, dos artistas de um modo geral.
A vida boêmia tem a ver com o romantismo dos apaixonados, a curtição de uma “fossa” no rompimento de relações, a dor saudosa da pessoa amada que esteja distante, uma nova conquista amorosa, etc. Isso é que serve de temas para os notívagos da cultura. Os boêmios, não têm apego a bens materiais ou a ambição de ganhar dinheiro, são desprendidos, altruístas.
Nos dias atuais o termo boemia perdeu seu sentido original vinculado ao ócio, a gandaia, a irresponsabilidade. Ganhou uma conotação mais respeitada, referindo-se ao comportamento daqueles que se dedicam à música, às artes e à literatura, frequentadores dos botequins ou quaisquer cenários de diversão noturna.
• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
