O choro é a primeira forma de comunicação do ser humano. Ainda bebê é assim que expressa dores e necessidades. Ao chorar o homem manifesta sentimentos de desagrado, dor, raiva, decepção, saudade, etc. Mas há momentos em que as lágrimas exprimem a sensação de alegria, principalmente quando os motivos de contentamento acontecem inesperadamente.
O choro reflete uma alteração emocional, por isso mesmo tem a ver com a capacidade de raciocinar. Não é uma atitude determinada por instinto, mas por estímulos da consciência reagindo a ocorrências emotivas. No reino animal, portanto, somos as únicas criaturas que choram.
Ainda que cause instantes de sofrimento, quando choramos liberamos as tensões e aliviamos nossa alma. O choro diminui as angústias e proporciona uma certa sensação de calma. E quando reprimido termina por fazer mal à saúde. Daí concluirmos que chorar é um sentimento que nos ajuda a encontrar a paz de espírito.
As pessoas que têm a sensibilidade à flor da pele choram com mais facilidade, porque são alcançadas mais intensamente pelas tristezas e alegrias. Exteriorizam suas instabilidades emocionais através do choro. Deixam transparecer mais claramente os abalos de sua intimidade.
Ninguém derrama lágrimas sem motivos. Até o choro fingido tem uma causa, ele é simulado para angariar empatia, solidariedade, perdão. O choro falso tem a intenção de produzir compadecimento que possa trazer algum benefício em retorno.
Fomos criados com o ensinamento de que “homem não chora”. Isso é uma maldade, todos nós devemos chorar quando assim tivermos vontade. O pranto sincero não deve ser algo para que se envergonhe. Muito pelo contrário, é demonstração de que temos sentimentos, alma, coração. Só os brutos, aqueles que têm frieza no comportamento, não choram.
Shakespeare dizia que: “chorar é diminuir a profundidade da dor”. Logo, se não chorarmos as dores, sofreremos muito mais com as suas consequências. Outro pensador, August Strindberg, enfatiza: “Sim, eu sou um homem e choro. Um homem não tem olhos? Não tem também mãos, sentidos, paixões, inclinações? Porque é que um homem não devia chorar?”.
• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS E EMOÇÕES E ATITUDES”.
