A letra da música “Porta Entreaberta”, composição de Ivan Lins em parceria com Paulo César Pinheiro, fala da expectativa ansiosa do “eu lírico”, ao ter notícia de que sua amada vai voltar. Narra todos os preparativos e a construção do cenário para a noite de amor que tanto deseja voltar a viver.
“Quando você disse que bateu a saudade, que queria me encontrar/Arrumei a casa, perfumei a cama, preparei um bom jantar/Separei um vinho, coloquei no gelo, desliguei o meu celular/Fui pensando em coisas, fui armando o clima, pus um disco pra tocar”. A comunicação de que a mulher que ama decidira voltar a vê-lo, movida por um sentimento de saudade, fez vibrar sua alma apaixonada. Então, resolveu se preparar para a noite, que passa a sonhar, de pleno êxtase. Procurou deixar a casa com tudo no lugar, da forma como sabe que seria do agrado dela. A cama perfumada fica na espera desse reencontro de amor. Dedica-se com prazer à preparação de um jantar adequado para a ocasião. Escolhe um vinho, da preferência de ambos para brindar o retorno. Decide desligar o celular para que ninguém incomode nesse momento só deles. Viaja na imaginação, põe uma música romântica para compor o clima.
“Vem… que eu deixei de propósito a porta entreaberta/Vem… que eu fiz tudo a seu jeito, você vai gostar/Vem… que a paixão me desperta/É vontade de amar/Quando você chegar”. Avisa que vai a deixar a porta entreaberta, numa demonstração de que está realmente à sua espera. Quer vê-la entrar e perceber que fez tudo do jeito que ela gosta. Quer que ela sinta, da parte dele, que nada mudou. A expectativa, da chegada dela aumenta a paixão, despertada em toda a sua intensidade. Não vê a hora de poder voltar a ter com ela uma noite de amor.
“Já deixei a sala só à luz de vela, que reflete o seu olhar/Pus rosa vermelha no centro da mesa, que sensualiza o ar/Botei nossa foto do primeiro encontro na estante sobre o bar/Me ajeitei no espelho, me sentei à espera no meu canto do sofá”. Não poderia ser diferente, deixou a sala iluminada apenas com luz de velas, de maneira que brilhasse mais o olhar dela. A rosa vermelha, colocada sobre a mesa, adornando o clima de sensualidade no ambiente. O registro fotográfico, do início desse idílio, em destaque, resgatando a sensação de encantamento vivido quando se conheceram. Foi ao espelho se ajeitar para parecer atraente e estimular desejos. Enfim, sentou-se ao canto do sofá, para poder vislumbrar cheio de alegria o seu ingresso pela porta que deixou entreaberta.
“Vem… porque sem você essa casa é deserta/Vem… que vai ser sempre assim que você vai me achar/Vem… que a paixão me desperta!/É vontade de amar/Quando você chegar”. A sua casa voltaria a ter alegria com a presença dela. E assim será dali por diante, haverá sempre de encontrá-lo feliz à sua espera. Porque seu pensamento está voltado unicamente para a vontade de voltar a amá-la, como fazia antes.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.