Muitas vezes nos sentimos nostálgicos, principalmente quando viajamos nas lembranças da nossa infância. Na década de cinquenta, Ataulfo Alves lançou a música “Meus tempos de criança” que trata exatamente disso. As recordações de tudo o que fazia o nosso mundo infantil.
“Eu daria tudo que eu tivesse/Pra voltar ao tempo de criança/Eu não sei pra quê que a gente cresce/Se não sai da gente essa lembrança”. São momentos em que desejamos fazer com que o tempo volte. E retornássemos a viver a candura das brincadeiras de criança, a pureza dos sentimentos de meninos, a ingenuidade do comportamento numa fase da vida em que começávamos a conhecer o mundo. Ataulfo diz que seria melhor que a gente nunca crescesse para não perdermos a inocência e que permanecêssemos sem experimentar a maldade, a hipocrisia, a malícia dos adultos. Por isso é tão gostoso guardar na memória o encanto do que foi nossa vida de criança.
“Aos domingos, missa na Matriz/Da cidadezinha onde eu nasci/Ai, meu Deus, eu era tão feliz/No meu pequenino Miraí”. O compositor relembra sua cidadezinha com o programa dominical de ir assistir a missa. Todos nós temos também recordações iguais. Principalmente quem viveu sua infância numa cidade do interior. Um cotidiano simples, mas agradável, aprazível. As reuniões em família, as brincadeiras na rua, onde o perigo não se fazia presente. É quando concluímos que éramos felizes e não sabíamos.
“Que saudade da professorinha/Que me ensinou o bêabá/Onde andará Mariazinha?/Meu primeiro amor, onde andará?”. E vamos buscar na memória o instante da ida pela primeira vez à escola. Sentir saudades da professora que nos fez conhecer as letras, deu oportunidade de darmos nossos primeiros passos na descoberta do conhecimento. Ela é um personagem da vida que nunca esqueceremos. Como também é impossível esquecer aquela que nos despertou para o amor, a primeira namorada. Algo ainda muito inocente, puro. E ficamos a perguntar o que será dessas figuras tão importantes do nosso passado? O que fazem? Por onde andarão?
“Eu igual a toda meninada/Quanta travessura que eu fazia/Jogo de botões sobre a calçada/Eu era feliz e não sabia”. Não existe criança que não cometa travessuras. Fomos assim também, não fugimos à regra. Mas foram as travessuras, que hoje recordamos com alegria, que marcaram um tempo da nossa vida. Os jogos de botão na calçada, brincadeiras que não acontecem mais. As crianças da atualidade brincam com computadores, celulares, e outras invencionices da modernidade. Realmente foi uma época que só agora percebemos o quanto éramos felizes e não sabíamos.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

