As letras das musicas de Oswaldo Montenegro têm sempre mensagens de reflexão. “Estrada nova”, com melodia composta por Mongol, fala exatamente do medo que sentimos ao encararmos o que é novo na nossa vida, as situações inesperadas, o futuro que desconhecemos.
“Eu conheço o medo de ir embora/Não saber o que fazer com a mão/Gritar pro mundo e saber/Que o mundo não presta atenção”. É natural sentir medo do que não conhecemos. Ao falar do “ir embora” Oswaldo quer se referir ao seguir adiante, sair de onde está, partir em direção ao caminhar da vida. Nesses momentos de incertezas, de timidez, normalmente ficamos sem saber o que fazer com as mãos. E nem adianta ficar na espera de que alguém venha em nosso socorro, nosso grito fica inaudível, o mundo ignora nosso receio.
“Eu conheço o medo de ir embora/Embora não pareça, a dor vai passar/Lembra se puder/Ese não der, esqueça/De algum jeito vai passar”. O temor, que toma conta da gente nessas horas, de tomar uma nova direção na vida não é novidade. Conhecemos esse sentimento muitas vezes na nossa existência, mesmo que saibamos que toda dor passa, toda dificuldade é esquecida, ainda que não superada, todo problema tem solução. É bom sempre estar lembrando disso, e se isso não for possível, melhor esquecer e ficar na expectativa do que vai acontecer, na esperança de que tudo vai dar certo.
“O sol já nasceu na estrada nova/E mesmo que eu impeça, ele vai brilhar/Lembra se puder/Se não der, esqueça/De algum jeito vai passar”. Nada impede que o sol volte a brilhar nos novos caminhos, ele renasce a cada dia. Se não houver condições de lembrar que isso é um ciclo, natural na nossa vida, é necessário acreditar que para tudo tem um jeito de se resolver. O medo nos torna prudente.
“Eu conheço o medo de ir embora/O futuro agarra a sua mão/Será que é o trem que passou/Ou passou quem fica na estação?/Eu conheço o medo de ir embora/E nada que interessa se pode guardar”. Nesse avançar na estrada, sentimos que o futuro nos chama “agarrando à nossa mão”. Não há como fugir. Quem fica na estação, vendo a nossa passagem, permanece apenas na lembrança, sem que possamos guardar muita coisa que julgamos importante.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.
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