“Carinhoso”

 

Pixinguinha tinha vinte anos de idade quando compôs a melodia de “Carinhoso”, que se tornaria uma dos maiores clássicos da MPB. Só duas décadas depois a “polca vagarosa”, como ele preferiu classificar, recebeu letra. Foi Carlos Alberto Braga, conhecido como João de Barro, quem escreveu o texto dessa belíssima canção, em 1937. Teve gravações instrumentais inicialmente, mas depois já com letra, foi sucesso na voz de Orlando Silva.

“Meu coração, não sei porque/bate feliz quando te vê/e os meus olhos ficam sorrindo/ e pelas ruas vão te seguindo/mas mesmo assim, foges de mim”. Parece ser um caso típico de amor platônico, algo que está só na imaginação do “eu lírico”. Ele se manifesta profundamente apaixonado, sente isso ao perceber seu coração bater mais forte toda vez que a vê. É uma sensação de felicidade intensa. Os olhos brilham de contentamento, como se estivessem sorrindo, ao acompanhar o seu passeio faceiro diante dele. O que lamenta e lhe deixa triste, é ver que ela vive fugindo, não corresponde ao interesse que ele tão explicitamente demonstra.

“Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso/e o muito, muito que te quero/e como é sincero o meu amor/eu sei que tu não fugirias de mim”. Fica em pensamento querendo dizer para ela o quanto é carinhoso. E isso é a manifestação do quanto a quer. Se ela soubesse o amor imenso que tem a lhe dedicar, com certeza não fugiria mais, cairia em seus braços.

“Vem, vem, vem/vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus/vem matar essa paixão que me devora o coração/e só assim então, serei feliz, bem feliz”. Quase numa alucinação, faz o convite para sentir o calor dos seus beijos. Só assim essa louca paixão encontraria remédio, curaria essa dor de desejos que toma conta do seu coração. E então, passaria a ser um homem feliz, porque ela enfim faria com que saisse do sonho para a realidade.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

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