“Evidências”

Essa música fez estrondoso sucesso, lançada em 1990, pela dupla Chitãozinho e Xororó. “Evidências” tem como autores José Augusto e Paulo Sérgio Valle, e faz a linha do “sertanejo romântico”. Atualmente está no “hit parade” interpretada por Ana Carolina. Na sua letra há um desabafo de alguém que tem momentos de instabilidade na sua relação sentimental, ora briga, ora rompe o envolvimento, diz que tudo terminou, mas logo se arrepende e proclama seu amor e pede que ela não considere nada do que falou.

“Quando eu digo que deixei de te amar/É porque eu te amo/Quando eu digo que eu não quero mais você/É porque te quero”. O sujeito da música começa sua proclamação de amor solicitando que ela interprete pelo contrário tudo o que fala nas horas das crises, quando estão brigando, nas vésperas dos frequentes rompimentos. Por impulso diz coisas que não refletem seus verdadeiros sentimentos. Tenta fazê-la compreender que o “não te amo” e o “não te quero” têm a força de uma afirmação oposta.

“Eu tenho medo de te dar meu coração/E confessar que eu estou em tuas mãos/Mas não posso imaginar o que vai ser de mim/Se eu te perder um dia”. Sente-se inseguro. Resiste em confessar que seu coração está inteiramente doado a esse amor. Mas na verdade, ele não consegue se imaginar vivendo longe dela. Entra em pânico com a possibilidade de perdê-la.

“Eu me afasto e me defendo de você/Mas depois me entrego/Faço tipo, falo coisas que não sou/Mas depois eu nego”. Não se reconhece. Age muitas vezes de forma inconsequente. Quando decide se afastar é como se fosse uma fuga, uma maneira de se defender desse sentimento forte que se apoderou de sua alma. Mas, ato contínuo, muda de opinião e se entrega de volta a esse relacionamento. E retorna pedindo desculpas, negando tudo que tenha falado e que possivelmente a tenha magoado.

“Mas a verdade/É que eu sou louco por você/E tenho medo de pensar em te perder/Eu preciso aceitar que não dá mais/Pra separar as nossas vidas”. Convicto de que está loucamente apaixonado revela seu receio de que ela o deixe só, após alguma dessas discussões. Não pode mais continuar agindo dessa forma. Por mais que tente não ceder a esse sentimento, está convencido de que eles têm um destino comum a seguirem na vida.

“E nessa loucura de dizer que não te quero/Vou negando às aparências/Disfarçando as evidências/Mas pra que viver fingindo/Se eu não posso enganar meu coração?”. Percebe que está na hora de se mostrar verdadeiro, encerrar de uma vez por todas com essa postura de aparentar o indiferente. Está cansado de procurar esconder o que para todo mundo está tão evidente.

“Eu sei que te amo/Chega de mentiras/De negar o meu desejo/Eu te quero mais que tudo”. Quase como um desabafo desesperado proclama seu amor. Não adianta manter-se na mentira. Comunica enfim que a quer mais do que tudo na vida. Ela é a sua razão de viver.

“Eu preciso do seu beijo/Eu entrego a minha vida/Pra você fazer o que quiser de mim/Só quero ouvir você dizer que sim”. Ao informar das suas carências, radicaliza na busca de convencê-la a acreditar no seu amor. Chega a dizer que se submete integralmente às suas vontades, numa atitude de submissão, sujeição, dependência. No apelo diz que basta receber dela a confirmação de que o quer para toda a vida.

“Diz que é verdade, que tem saudade/Que ainda você pensa muito em mim/Diz que é verdade, que tem saudade/Que ainda você quer viver pra mim”. Necessita ouvir dela que é recíproco esse amor, que ela, assim como ele, vive sentindo saudades, que permanece vivo no pensamento dela. Precisa ouvi-la dizer que realmente quer ter com ele uma vida em comum.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

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