“Caçador de mim”

O homem vive a procura de si mesmo. Esse é o maior desafio que ele enfrenta na vida: o autoconhecimento. Muito complexo esse tema, mas Milton Nascimento o traz à reflexão na interpretação da música “Caçador de mim”, lançada em 1981, de autoria da dupla, Luiz Carlos de Sá e Sérgio Magrão.

“Por tanto amor, por tanta emoção/a vida me fez assim/doce ou atroz, manso ou feroz/eu, caçador de mim”. A vida nos oferece momentos de emoções, de amor, mas também de dores, incompreensões, armadilhas. Tudo isso vai, nos permitindo ganhar experiências e nos descobrindo. Agimos conforme as circunstâncias; em determinados momentos com doçura e mansidão, noutros com atrocidades e ferocidades. Nos deparamos com surpresas a cada instante e precisamos saber aproveitar o que nos surpreende positivamente e redirecionar aquilo que nos aparece, de repente, de forma negativa.

“Preso a canções, entregue a paixões/que nunca tiveram fim/vou me encontrar longe do meu lugar/eu, caçador de mim”. Somos reféns de nossos sentimentos, eles se fazem presentes em todos os instantes da nossa vida, não têm fim. Ao se descobrir, o ser humano renasce e nesse renascer ele percebe, algumas vezes, que foi se encontrar onde nunca se imaginou, porque cada vez nos conhecemos menos.

“Nada a temer senão o correr da luta/nada a fazer senão esquecer o medo/abrir o peito à força, numa procura/fugir às armadilhas da mata escura”. Não há como se descobrir se não enfrentar sem medo a luta do cotidiano. Afinal de contas nada se faz ou se consegue dominado por receios e temeridades. Por certas ocasiões se faz necessário enfrentar na marra essa busca do autoconhecimento, de peito aberto fugindo das ciladas que “a mata escura” pode apresentar.

“Longe se vai, sonhando demais/mas onde se chega assim/vou descobrir o que me faz sentir/eu, caçador de mim”. Quem não sonha não se realiza, não vai longe. Daí a importância de dar execução ao processo de se conhecer sempre mais. Ser, efetivamente, caçador de si mesmo.

* Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

 

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