JPA: a arte em potencial dos Becos e Saraus

{arquivo}Embora o cotidiano empurre a todos para o consumo sistemático de músicas nos vários níveis embalados por mero modismo, isto a partir das emissoras de rádio, ainda é resistente e farta a produção musical dos diversos ambientes guardados com a qualidade cada vez mais depurada de estilos e canções no nível do que há de melhor no cancioneiro popular a partir de João Pessoa – centro irradiador de arte e cultura.

Teses à parte, foi exatamente este o conteúdo de valor qualificado presente nesta sexta-feira no sarau produzido por uma dupla de inquietos e guerrilheiros pós-modernos, Marta e Gil de Rosa, no Bancários, onde eles, além de anfitriões e expositores, receberam Milton Dornelas e Totonho para shows intimistas de uma maravilha singular, só constatada ao(s) vivo(s).

Confesso que não tinha mais informações atualizadas sobre o repertório de Milton, sem dúvidas um compositor e intérprete em nível do que se pode ter de melhor enquanto estilo cada vez mais rebuscado sem perder seus vínculos com raízes e conceitos históricos das lutas históricas.

Milton enveredou ultimamente pelos meandros mineiros, mesmo sem se desgrudar do balanço e gingado vindos de Gramame, da sua negritude espoliada, apostando as fichas na viola ao invés do violão clássico deixando-se tomado pela simbologia dos prazeres, dores e anseios que brotam das serras, da paisagem rural mineira embaladora de cantigas de ninar e fazer – se sentir.

É visível a fase intimista do autor carioca, mas mais paraibano que muita nascida aqui.

TOTONHO, SUPREENDENTE

{arquivo}Não há na safra de agora “pratrasmente” da Paraiba, artista que interprete melhor e mais renovado possível a música feita neste estado do que Totonho enquanto pós modernoso no formato de produzir uma música instigada de valores velhos, atuais ou futuristas com suas letras inteligentemente rebuscadas numa pluralidade de ritmo que para ser preciso, tenhamos que entender o artista como sem igual no pedaço.

Totonho brinca com as palavras e as remete ao processo de criação como sendo um caleidoscópio contemporâneo inserindo no mesmo caldo sinais do repente, rap, etc, do som que se permite a conviver com a modernidade do sampler sem desgrudar-se da viola, do dedilhado no violão seguro frente a uma composição e arranjos sempre modernos e consistentes.

MARTA E GIL DE ROSA

{arquivo}A lógica e conteúdo também se aplicam a Marta Nascimento e Gil, dupla de amores renovados em cima de encantos aprendidos na arte de viver a vida com a música e poesia singelas sem a preocupação de tocar no rádio só por obrigação.

O conjunto agora narrado prova que temos qualidade real e à disposição nos vários ambientes de João Pessoa, apesar da miopia e da distorção entre esse legado e as políticas de Poder.

ÚLTIMA

“Vagando no espaço entre as estrelas/
Um anjo branco emergindo sobre mim…”

 

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