“ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM”

Ainda que tenha nascido de um episódio que realça o preconceito racial, essa expressão hoje tem sentido bem diverso da sua origem. O Seu uso atrela-se em questões alheias que não se quer participar; ou quando se percebe que o mais prudente é ficar longe da discussão; ou ainda uma forma de registrar que aquele problema não nos compete. É nessa ocasião que se diz “eles que são brancos que se entendam”.

Mas voltemos ao fato que deu causa ao dito popular. No século XVIII, um capitão de regimento, de cor mulata, sentiu-se desrespeitado por um soldado, e por isso pediu ao seu superior, que punisse seu subalterno. O major, português, teria dito “vocês que são pardos que se entendam”. Inconformado com a resposta, o capitão decidiu recorrer a um dos vice-reis do Brasil, Dom Luis de Vasconcelos, que determinou a prisão do oficial. Interpelado, por causa da decisão tomada, o vice-rei afirmou: “nós somos brancos, cá nos entendemos”.

Há momentos em que é recomendável abster-se de emitir opiniões em assuntos que não nos diz respeito. Interferir em brigas alheias é assumir problemas, tomar parte e fazer parte deles. Claro não há como fugir, o interventor sempre termina atingido pelos respingos da contenda e suas conseqüências .

Não se trata de omissão, ou postura de alienação, e sim de preservação. É Saber onde se faz necessária sua participação para não ser acusado de intromissão, intervenção indébita, se meter onde não foi chamado. E como o intruso/mediador nunca se dá bem, o mais saudável é seguir os conselhos de Jadir Ambrósio quando nos diz: “Não boto a mão em buraco de tatu,
Que é muito perigoso, é preciso ter cuidado.
Lá dentro pode ter um cascavel, ou uma surucucu.
esperando com o bote armado.”

O importante é usar da temperança, no ver, no ouvir, para então, usar o agir. Nem sempre temos competência para entrar numa querela . As broncas, as disputas, os entraves, os embates, devem ser enfrentados e solucionados por quem os deu causa.

Esse ditado guarda semelhança com “cada macaco no seu galho” ou “cada um no seu cada qual”.

. Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados, expressões e provérbios)”.

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