Nem sempre essa máxima popular é uma verdade. Ela se aplica mais no campo político-social, quando da leitura nas entrelinhas de: “Quem cala, consente”, porque se omite diante de questões que teria obrigação de se manifestar. Torna-se cúmplice dos acontecimentos que penalizam a sociedade. Fica conivente com o mau feito, o desonesto, o ilegal. Demite-se do seu papel de cidadão, cala a voz a que tem direito.
A expressão popular também é usada quando alguém é acusado e não se defende. Nesse ato, o acusado assina o termo de culpa. Ao ficar calado e não apresentar defesa manifesta-se tacitamente em favor da acusação que lhe foi imputada.
Porém a falta de respostas em determinadas situações abre espaço e transfere, em comunhão, o direito de voz para que outros decidam e ajam ao seu bel prazer. Todavia compreendemos o calar, também, como sinal de inteligência. Conforme outro sábio ditado que diz: “o silêncio é mais eloquente que as palavras”. Então, por vezes, o silencio fala mais que palavras. Uma sábia tática para evitar encrencas e não provocar discussões estéreis. Igualmente uma decisão consciente de que é melhor refletir para depois se manifestar. Não responder “em cima da bucha”, como se diz na linguagem popular, para não correr o risco de falar o que não se deve. Pode ser ainda, um exercício de paciência para saber melhor a hora do agir e bem reagir.
Concluindo, precisamos ser cautelosos, tanto na ação desse provérbio, quanto na sua observação em relação ao comportamento dos outros, porque nem todo silencio significa um consentimento.
* Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados, expressões e provérbios)”.