É comum no Brasil se dizer que cadeia foi feita para pobres. Essa afirmação tem base no que se vê no dia a dia. Dificilmente um rico vai para a prisão. E quando vai demora pouco tempo.
Essa sensação de injustiça social é que faz valer o adágio popular “ladrão endinheirado, não morre enforcado”. Em outras palavras isso quer dizer que os poderosos nunca são condenados. O termo ladrão expresso no ditado, qualifica todo e qualquer criminoso. E o “morrer enforcado” representa a punição severa.
Enquanto o pobre encarcerado fica sem defesa porque não possui recursos financeiros para contratar advogados competentes, os ricos se valem da condição econômica para bancarem grandes escritórios de advocacia, alguns deles com trânsito fácil nos fóruns. Aí prevalecem também as amizades, o tráfico de influência, o uso corrupto do sistema prisional e da própria justiça, no sentido de facilitarem a vida dos que têm poder ou dinheiro.
Os políticos desonestos inventaram o “foro privilegiado” , transformando-o em escudo de proteção, exatamente para melhor se beneficiarem dessa condição de impunidade.
Além disso, a legislação brasileira abre brechas jurídicas que permitem saídas legais possíveis de serem aplicadas em favor dos que têm advogados experientes contratados. São as famosas “chincanas” jurídicas.
O pobre fica a mercê de advogados de porta de cadeia, muitos deles também profissionais do crime, ou defensores públicos mal remunerados e desestimulados.
Todo provérbio nasce da constatação popular das evidências do cotidiano. É a forma, muitas vezes irônica, do povo manifestar críticas a realidades que o penalizam, como no caso do que estamos aqui a refletir. Não deixa de ser uma denùncia contra a impunidade que grassa neste país em relação à aplicação da lei para os que são favorecidos por privilégios políticos ou econômicos.
* Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados e provérbios)”.