A genialidade “Salve Pátria” de Totonho

{arquivo}MANAIRA – João Pessoa enquanto berço de tantos valores culturais de tamanho imenso nem sabe mas perdeu de atestar no sábado de Maio, embalador dos mimos das Mamães, um momento raro na produção musical de seu umbigo diante do show memorável do cantor, compositor e inovador cultural de nome Totonho – de batismo mesmo Carlos Antonio Bezerra da Silva, cujo sobrenome dispensa apresentações.

O show de despedida, já que sem encontrar guarida na cidade resolveu retomar a vida musical e de virador no Rio de Janeiro, significou a mais ousada postura e conteúdo de um artista que resolve experimentar o juízo e saco do público apresentando, ao invés de seu repertório conhecido, um conjunto de novas músicas – canções, todas envolvendo o samba enquanto raiz, com agrado da platéia quando corria riscos de levar vaia pelo inusitado dos propósitos.

Ora, como é que um sujeito – artista se credencia no mundo musical com sua atemporalidade rítmica misturando rap, eletrônica, baladas, MPB – tudo dentro de uma sofisticação incomum, sem similar no pedaço – e aí o cara resolve fugir inteiramente desse esteriótipo e se dana a provar que sabe fazer samba de mesma categoria e nível dos guetos e morros do Rio de Janeiro.

Maluco! – pensei comigo, como ousa fazer isso sem avisar a ninguém, exceto por um anuncio minúsculo do show em poucos veículos de comunicação dizendo que estava diante de sambas “que Cartola não quis cantar”!

Mais uma vez, Totonho se exibiu como reserva moral dos movimentos musicais do Nordeste – em particular de João Pessoa, como a que dizer que com sua existência entre nós a essência da música alternativa ou não de movimentos importantes como o Musiclube e Fala Bairros não vai morrer, como estava próxima da funerária, sem falar um pio do que poderia da insensibilidade e miopia que permeia nossa produção e politicas culturais – daqui, do bairro da Torre até o Planalto central.

Durante um pouco mais de 1 hora e meia, Totonho expôs ainda um grupo de músicos convidados da mais alta categoria, gente da nova geração enquanto  artsitas e compositores, a exemplo de Chico Limeira e family especiais, ou de Zé Manoel – anotem este nome! – como a mais importante figura da Música tangida como MPB de qualidade não vista, faz tempo, nem mesmo no Centro Sul. dos ultimos tempos

O samba de Totonho tem grude, tem alma, sua levada extrai a essência primeira do jongo, das palmas negras que invadiram as casas da elite e, sobretudo, revela a universalidade brasileira deste ritmo / estandarte da música como a dizer que, por ter bebido da fonte dos morros cariocas, já misturando com os batuques da Torre e dos Bancários, ele acaba de apresentar ao mundo da musical um novo artista adormecido nele e na música da Paraiba.

Prestem a atenção! Não precisamos de discursos nem de reações emocionais diante do descaso ou da desatenção que adotamos em relação aos nossos gênios culturais, mais ainda há tempo de agora em diante de cuidar mais da audição e prestigiar a música de vanguarda de Totonho, porque miopia e adormecência cultural volta e meia desperdiçam valores simplesmente por estarem desantenados do mundo criativo que está ao nosso lado.

Totonho, Zé Manoel, Chico Limeira e os músicos do show, que traduzo agora através de Potyzinho Lucena, fizeram ver aos que têm olhos de olhar e ouvidos de ouvir, que há esperança de conquistas à frente, sim, diante de tanta qualidade sonora a manter a resistência da música indispensável produzida por nós, pelos filhos da vanguarda, que nunca haverão de acabar.

DEPOIS DA APOSENTADORIA

Não sei porque, talvez pela idade ou opção mesmo de vida, Pedro Osmar, Paqulo Ró, Chico Cérsar, Milton Dornelas, etc já não são mais afeitos à inovação, à guerrilha cultural.

Mas Totonho faz resistir sem panfletos nem agressões que pulsa uma música e movimento de vanguarda, apesar dos pesares.

Ainda bem!

REQUEIM PARA A PRAÇA DA RESISTENCIA

Quem está sintonizado com a produção cultural mais vanguarda de João Pessoa não pode descuidar o olhar, a atenção e o compromisso com o que um monte de jovens insiste em manter de resistência cultural, a partir da Praça Antenor Navarro.

Dói no peito a falta de melhor estrutura, mínimo apoio que seja, para manter a energia e disposição de tanta gente da nova geração de fazer cultura num ambiente inigualável, embora sem amparo do nível preciso.

Quem vai pagar por isso?

UMAS & OUTRAS

…Cada vez mais me encanto com os Limeira.

…O espaço da Usina Cultural da Energisa atraiu muita gente Cult e bonita das noites culturais pessoenses.

…Cal Tropical, diga-se melhor, o importal Carlos Antonio Aranha de Macedo – estava por lá.

…Professores Carmélio Reynaldo e Lúcia Guerra também.

…A turma cult da Torre, Jairo, Flauber…

…Cristovam Tadeu, Adeildo…Ednamay.

…Gente jovem reunida.

ÚLTIMA

“Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar”

 

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