{arquivo}Amanheci nesta sexta-feira com noticia ruim, dolorosa. Depois de 25 dias em UTI do São Vicente de Paula eis que Maria de Lourdes Vieira (Didinha, como chamam Pablo e Vinicius) se encantou, seguiu para o andar de cima, onde só a Deus é dado o direito de dizer quando cada um dos humanos seguirá nessa direção.
Não contive o pranto porque Didinha simbolizou para mim, Maisa, Pablo e Vinicius – sem contar Maria Julia (minha mãe in memorian) a figura de mulher sofrida mas que, em boa parte de sua vida, dedicou seu tempo a tratar meus dois filhos queridos, como à família de uma forma geral, como se fosse parte de seu próprio corpo.
Com ela se vão incontáveis horas em que esteve mais próxima de Pablo e Vinicius do que eu, solto no mundo em busca de sustento para a família, sem poder compatibilizar na vida um maior tempo de dedicação e carinho aos meus filhos, como ela tanto deu.
Como dói encarar a existência de realidades na qual a sociedade moderna impõe a tantas pessoas a luta sem fim por melhores condições de vida e que, em alguns instantes do processo, constata-se que em muitos casos, melhor seria ter menos para conviver mais tempo com nossos filhos.
Lourdes ou Didinha deixa em nós um sentimento profundo de gratidão sem Jamais poder ser possível agradecer em vida, como eu me preparara para fazê-lo jurando a mim que ela sairia da UTI, para um gesto soberano de um homem comum muito agradecido por sua dedicação aos meus filhos, à minha mãe e à Maisa.
Por isso, hoje só me resta curtir o pranto, o sentimento profundo de gratidão sem fim.