Enquanto os universitários de João Pessoa desocupavam a Faculdade de Filosofia, onde estiveram acampados em assembléia permanente até o dia treze de agosto, a movimentação estudantil ganhava força em Campina Grande
As aulas foram suspensas em todas as escolas de nível superior e colegial da cidade e cerca de mil e quinhentos estudantes sairam às ruas, na sua vez de protestarem contra a prisão do líder Vladimir Palmeira.
Por determinação do Secretário de Segurança Pública e em obediência à determinação do governo federal que proibia a realização de passeatas em todo o território nacional, a polícia montou um forte dispositivo de repressão nas principais avenidas da cidade.
Sem se intimidarem os estudantes realizaram diversas manifestações públicas, contando com apoio da população, lideranças políticas e artistas locais. Na caminhada alguns incidentes foram registrados, recebendo a intervenção oportuna do deputado Vital do Rego, que valendo-se da sua autoridade de parlamentar federal evitou por diversas oportunidades que acontecimentos mais graves de confronto com a polícia ocorressem.
Num primeiro momento o deputado impediu que um sargento da polícia militar consumasse uma agressão contra os manifestantes quando tentou sacar de sua arma para conter o avanço da passeata. Logo depois no Largo da Flórida uma caminhonete da PM tentava passar entre os estudantes, sendo novamente contido pelo deputado Vital do Rego, preocupado com as conseqüências que poderiam advir daquela atitude do policial que dirigia o veículo. O parlamentar reagiu advertindo que nenhum estudante sofreria qualquer ameaça à sua integridade física ou liberdade sem que ele fosse também alcançado pela punição imposta pela força militar. A disposição do deputado inibiu ações repressivas da polícia.
E assim a manifestação continuava vibrante e contagiando a juventude e populares que compunham a massa que se deslocava pelas principais avenidas do centro da cidade, apesar do pânico e da correria que se verificavam no seu percurso, por conta do policiamento ostensivo.
Na praça da Bandeira, ambiente que se fez palco de grandes eventos que marcam a história campinense, os estudantes encerraram seu ato público de protesto, quando várias lideranças fizeram uso da palavra, proferindo discursos entusiasmados proclamando o sentimento de revolta da juventude ante a forma arbitrária com que a ditadura vinha tratando suas manifestações e gritando palavras de ordem repudiando a política educacional do governo e principalmente a prisão injusta do principal líder estudantil brasileiro da época, Vladimir Palmeira.
Campina Grande se inseria no contexto nacional de reação ao regime ditatorial imposto pelos militares a partir de 1964.
• Esse texto faz parte da série COMO A PARAIBA VIVEU O ANO DE 1968
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