Julho/1968: Paraibanos na passeata do Recife

 

Depois da passeata dos cem mil realizada no Rio de Janeiro, no dia dois de julho foi a vez da população sair às ruas em protesto no Recife. Uma multidão calculada em vinte mil pessoas, incluindo estudantes, intelectuais, religiosos e pais de família, tomou conta do centro da capital pernambucana. Repetiam as palavras de ordem da manifestação carioca e caminhavam pela avenida Guararapes, dando uma demonstração de que o povo unido pode expressar suas insatisfações e tornar públicas suas reivindicações, de forma pacífica, sem violência.

O governador de Pernaambuco, Salviano Machado Filho, permitiu a realização da passeata, determinando que os policiais continuassem em seus quartéis, ainda que em prontidão para alguma eventual necessidade de intervenção para garantir a ordem pública. Não houve necessidade, assim como no Rio de Janeiro, tudo transcorreu num clima de absoluta nornalidade.

A caminhada de protesto aconteceu sem incidentes, sem registro de qualquer fato que pudesse ser considerado perturbação da ordem. Ao final da avenida Guararapes os manifestantes realizaram um comício, com lideranças se alternando nos discursos focados no repúdio às arbitrariedades cometidas pelo governo da ditadura militar.

A Paraíba se fez presente com uma delegação de lideranças estudantis e representantes de grupos e entidades culturais, conduzindo faixas que diziam: “artistas paraibanos apóiam seus colegas de Recife”, “a luta é do povo” e “abaixo a censura”.

No grupo destacavam-se Aristides Guimarães, Carlos Aranha, Manfredo Caldas, José Fernandes, Edy Sousa, Rubens Teixeira, Hugo Caldas, Dóris Gibson, Celso Marconi, Jomard Muniz de Brito, Antônio Arraes e integrantes do conjunto “Os Moderatos”.

No retorno promoveram uma reunião de avaliação, procurando fixar uma linda de conduta em defesa das reivindicações secundaristas e universitárias e contra os métodos que estavam sendo utilizados pela censura. Analisaram também as decisões do I Simpósio Nordestimo da Problemática da Arte Brasileira, ainda não postas em prática e definiram uma programação de apresentação de artistas paraibanos nos colégios e faculdades, objetivando socializar mensagens políticas, promover o talento de nossa terra e estimular a movimentação cultural no âmbito da comunidade estudantil.

Essas passeatas, realizadas na Guanabara e em Pernambuco, apesar de pacíficas, agravaram a crise política, fazendo com que os militares se alarmassem, vendo nos jovens instrumentos explorados pela subversão.

• esse texto faz parte da série COMO A PARAIBA VIVEU O ANO DE 1968
• comentários e informações adicionais deverão ser encaminhados para o email: iurleitao@hotmail.com

 

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