Enfim, o que é feito da Cultura?

{arquivo}A Paraíba chega ao final do ano sem conseguir estabelecer ao certo o significado real das políticas públicas adotadas pelos Governos em nível estadual e municipal – especialmente envolvendo João Pessoa, porque não é exagero definir que estão a desejar.

É como se toda uma promessa se transformasse em cena defasada sem que se saiba absolutamente nada das mudanças (para melhor) tão decantada e prometida ao longo dos tempos. A dimensão da cobrança se credencia de forma ampliada porque em torno do histórico em curso havia (e pode até ainda haver) comprometimentos a ensejar expectativa multiplicada.

Nem mesmo quem se intuía como uma promessa de gestão, no caso o Secretário de Cultura, Chico César, não soubemos identificar até hoje como pode ele constituir todo o ano de 2011 em tempo de produção e de resultados muito à quem da esperança e expectativa no setor.

Nem mesmo a Lei Augusto dos Anjos – a única expressão de fomento real à produção cultural da terra teve significação porque o secretário isolou-se sem construir pontes nem diálogos, exceto para quem ou com quem mantém vínculos político – partidários frustrando assim o grande salto que tanto se aguardou para quando o Jaguaribe Carne ascendesse de fato ao Poder.

Aliás, a gestão da cultura não consegue seguir a velocidade de outras instâncias como os programas advindos do MINC, nem muito menos estabelecer mecanismos de melhor diálogo com as várias instâncias da Cultura exceto, como disse, aos que rezam pela cartilha ideológica e comprometida com o Stablesment. E é fundamental, indispensável ampliar o raio de luz cultural.

Quando muito, em termos de exposição, fez “guerra” e propaganda de uma tese defasada e xenófoba contra segmentos da Música (o Axé, Forró cearense, etc) sem querer admitir que o mundo precisa respeitar sempre a diversidade mesmo optando, enquanto prestigiamento, com naturezas ou setores diferenciados – a MPB e música alternativa, por exemplo.

Mas nada, nada mesmo pode justificar retrocessos.

Ainda aguardamos o amanhã de partilha e resultados coletivos.

Referências para nada?

Desde quando me entendo de gente, penso que quem primeiro soube dar sentido organizacional à cultura foi Raimundo Nonato Batista, que mesmo num governo conservador – o de Wilson Braga, abrigava atividades em todas as áreas da criação e com cenas de vanguarda até abrigando Guerrilheiros Culturais de muita importância na época.

Pedro Osmar era a principal referência da Contra-Cultura, o mais importante contestador indispensável a todos os tempos – ainda hoje, inclusive, mas que, infelizmente, seu lado questionador foi abatido por migalhas – mil e pouco contos de réis. E isto tem um valor de pecado imperdoável porque o futuro de Pedro não merecia esse auto exílio, essa dor de subservência consentida por quem jurava rebeldia e contra-ponto. Nada disso existe.

Araponga. Alguém se lembra desse significado. E, vejam, isso acontecia em 1982 – quando muita gente hoje no Poder esculhambava com tudo, prometia mundos e fundos revolucionário mas que, 20 anos depois se traduziu no inverso.

Sabe de uma coisa, vou ficar por aqui neste momento porque vou voltar aos temas culturais em próximos capítulos.

Amor e dor

A história haverá de registrar que um dos maiores legados da atual geração no Poder está o de semear o ódio entre amigos, entre gente da mesma turma, da mesma agonia do passado.

Perderam o bom senso ao se afastarem da memória quando esta prova o quanto tanta gente junta construiu de positivo para esta cidade e este Estado, só que agora vive desunida, ameaçada por uma ordem política retrograda porque desconhece o amor entre as pessoas.

Aliás, um dos maiores desafios de agora em diante será mostrar a todos de que tudo é efêmero, portanto não se justifica o culto ao ódio à quem sempre se quis bem e, por um acaso, se viu noutro contexto político.

Diga não ao Ódio!

No que me compete

Penso que a análise crítica de agora não desconhece o mérito e valor das pessoas, dos dirigentes da Cultura. Serve de alerta para que eles tambêm possam entender que as relações com as pessoas não podem ser movida a clima de guerra porque é contra-producente dizer-se que estamos com necessidade de viver em guerra.

Por isso sou mais o diálogo, mesmo duro mas verdadeiro.
 

ÚLTIMA

“Corre um boato aqui donde eu moro
Que as mágoa que eu choro são mar ponteada.
Que no capim mascado do meu boi
A baba sempre foi santa e purificada.
Diz que eu rumino desde menininho
Fraco e mirradinho a ração da estrada.
Vou mastigando o mundo e ruminando
E assim vou tocando essa vida marvada…”

 

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