{arquivo}Nem só de política partidária vive a Paraíba velha de guerra. A arte e a cultura simbolizam também esse frescor intelectual de se imprimir discussões, projetos e políticas na intenção de nos afirmarmos no contexto de Nordeste e de Pais, logo nosso Estado que abriga tanta gente de alto nível na Música brasileira.
A tese, típica da academia conservadora, bem se aplica a este momento em que convivemos com o projeto Folia de Rua, a maior expressão de bem imaterial coletivo forjado a partir de iniciativa da sociedade, hoje merecendo e/ou precisando se reinventar.
Neste domingo de Virgens de Tambaú, a maior irreverência do pré-carnaval de João Pessoa, arrisco-me a dizer que enquanto conceito e essência musical o Folia de Rua ainda vive os dramas comuns de quem está no divã em busca de definições mais lógicas sobre o conteúdo prioritário a se dar em termos de repertório para todo o projeto.
Pela proximidade com Recife/Olinda e abrigando a genialidade musical de Fuba – grande artista ainda a merecer relevância – acabamos que adotando a influência do frevo e um pouco do maracatu passando, a partir da xenofobia intelectual aos baianos, a gerar uma discriminação inconseqüente com todo o contexto carnavalesco da Bahia mais contemporâneo.
Trocando em miúdos, tudo o que foi empregado em termos de prevalência musical no Folia de Rua já alcançou 25 anos, mas defendo abertamente que a partir de agora sejamos mais convergentes admitindo que possamos ter outros ritmos durante os 9 dias de Folia de Rua, que não só a nossa frescura de querer imprimir o Frevo apenas dando as costas para o Axé.
Penso que a abertura de sintonias, a admissibilidade de outras tendências musicais – esse caldeirão de mitos mixados pode gerar a nossa maior identidade, mesmo que haja a presença marcante do Frevo entre nós.
Só não pode continuar essa “proibição” inconseqüente com o axé da Bahia, sobretudo nos tempos modernos em que o silencio das multidões têm derrubado preconceito e gestos impositivos.
Voltaremos ao assunto.