{arquivo}Chegamos neste sábado à primeira semana de novo Governo no Estado sob a batuta do socialista pessoense Ricardo Coutinho com um saldo ainda não dimensionado na sua plenitude porque sete dias significam pouco tempo para avaliação precisa. Mas há um clima de mudança no ar e seus efeitos à altura.
Abstraindo valores advindos do fator político – partidário originado, sobretudo, na Oposição não serei absurdo nem injusto em afirmar que há um sentimento de torcida para que o Governo dê certo, que se sobreponha à intriga tão criticada ao longo dos tempos.
Por isso, as medidas amargas adotadas pelo novo governador têm enfrentamentos diferenciados porque vai depender do interesse contrariado a manifestação favorável ou contra mas, como conceito, nunca se viu ninguém gostar de ações restritivas que, queiram ou não, ele precisava e precisa ainda adotar.
Faz parte da regra governamental, qualquer que seja, a adoção do ajuste da nova equipe e filosofia de governo ascendente até mesmo quando se tenta atribuir todas as mazelas ao antecessor, algo só não vivido por Tomé de Souza enquanto primeiro governador geral do Pais porque não sucedeu a ninguém.
Portanto, responsabilizar o ex-governador José Maranhão pelos problemas tantos é compreensível enquanto cultura repetida a cada governo que assume, mas não resolve porque a partir de agora é o novo governador quem passa a responder pelos atos e serviços indispensáveis à sociedade que o elegeu.
Por esse prisma, Ricardo Coutinho consolidou nesta semana um compromisso político de gestar novo ciclo apresentando à opinião pública um agrupamento de assessores com muita gente advinda das Universidades e do campo técnico, sem desconsiderar o perfil político sem o qual não teria governabilidade nunca. Não atendeu no tamanho do apetite dos partidos, mas se apresentou correto com os acertos feitos em campanha.
Trocando em miúdos, o novo governador deu sinais claros de que tem uma personalidade forte demais no trato da gestão e da vida e deste manequim não pretende arredar o pé sob a premissa de que assim venceu todos os obstáculos e hoje é o maior personagem da vida pública do Estado da Paraíba.
Ele encarna a mudança, exige resultados, enfim, está com a sede e alegria de um iniciante quando, ao receber a lancheira com ponche e pão com queijo (hoje são outros ingredientes) vai para a escola com a felicidade de um anjo construindo a liberdade e a afirmação.
As lições que a vida oferece
Desde antes e, sobretudo, agora o governador anda muito vaidoso. O fato dele nunca ter perdido uma eleição o leva a se julgar acima do bem e do mal. Basta ver sua postura na relação com as pessoas ou na reverberação do discurso. Na posse dos secretários, por exemplo, ele disse; “muitos dizem que sou centralizador, e me criticam, porque sou centralizador, sim”.
Essa pequena amostra do timing do governador expõe o quanto ele anda deslumbrado. Faz parte, eu sei, mas ele precisa afastar ventos da soberba e da prepotência porque – um dia ele saberá na pele – pouco acrescenta positivamente.
Na Torrelândia querida, quanto em Jaguaribe, sua terra natal, os meninos continuam dizendo que “luz alta ofusca” e às vezes causa acidentes graves. Nosso governador, o governador dos paraibanos precisa entender e assimilar essa condição de bem viver, porque humildade nunca ofuscou autoridade.
São esses aspectos de soberania pessoal que podem levar Ricardo a um caminho de perigo porque ninguém jamais permanecerá para sempre agindo de forma absoluta, do Absolutismo conhecido na história.
Não adianta incitar apenas o ego dos aliados para um cultuamento perigoso, porquanto devotos muitos deles perdem o bom senso da critica logo sem construir a concepção da partilha do poder dentro de novos valores da vida moderna a concentração exclusiva de poder não resolve, sobretudo depois que inventaram uma tal de Governança Corporativa onde, mesmo com controles, os diversos atores são chamados a co – responsabilizarem-se dos encaminhamentos de Governo, portanto, todos os desmandos e desvios são punidos exemplarmente.
A história e perfil do governador são mais afeitos a esta postura de domínio partilhado.
Em síntese, Ricardo ainda está tendo a oportunidade impar de estabelecer nova cultura na relação de Poder e sociedade sem o maniqueísmo de alguém apenar querer conviver com “o favor ou contra” porque, se ele não entender essa lição, vai reproduzir a mesma cultura condenada de antes, mesmo tendo prometido uma nova forma de trato.
Exemplos que refletem o bom senso
Na Paraíba, quem quer o melhor para o Estado, torce para que o governador Ricardo construa de fato novos valores e resultados.
Mas, independentemente de torcida, o novo líder socialista do Nordeste precisa levar em conta o processo histórico, que prova sem arrodeios a impossibilidade de todos serem Poder a vida inteira por mero capricho pessoal.
William Churchil foi a mais expressiva figura mundial na vitória da Segunda Guerra mas perdeu, logo depois desse feito histórico, uma eleição para figura inexpressiva (se comparado a ele) porque os ingleses entenderam de forma diferente do que achava o imortal inglês.
Nem vou longe, mas na Paraíba temos um cemitério ou geladeira – como elemento menos nocivo – de “grandes”figuras consideradas Super, Super – e hoje ninguém mais nem lembra delas.
Aqui, vizinho ao lado, Jarbas Vasconcelos saiu do governo com 78% de aprovação e quatro anos depois sofreu rigorosa derrota por 82% contra Eduardo Campos.
Em síntese, o governador precisa levar em conta o processo histórico para enquadrá-lo dentro da sua importância inquestionável mas não na aparente soberba,inimiga da perfeição.
São referências distantes, eu sei, mas não podem ser ignoradas porque Ricardo precisa ter uma instância confiável para ouvir o que seus ouvidos insistem em não querer.
O caso da Imprensa, a revisão de futuro
Ricardo Coutinho já chegou quase à unanimidade na Imprensa. Alias, sem a mídia ele não teria chegado onde chegou. O contraditório é que, ao ir crescendo, ao invés de manter o afeto da mídia resolveu partilhar, partes em si.
Talvez ele não aceite, mas sem a cumplicidade dos veículos e dos profissionais jamais ele chegaria onde chegou.
Mas hoje, o pragmatismo fala mais alto do que a cumplicidade conquistada pela solidariedade de projetos comuns, de avanços da sociedade porque nunca Ricardo teve dinheiro para bancar a cumplicidade no tamanho exagerado do que a Mídia construiu.
Só que, agora governador, ele convive com inúmeros exemplos de profissionais como Rubens Nóbrega, Gutemberg Cardoso, Josival Pereira, Marcelo José, etc – todos, sem exceção, ex-tietes do governador, mas hoje afastados de suas funções de profissionais do novo tempo.
Esse estágio, de amordaçamento como se diz, certamente que não perdurará por muito tempo porque todos nós sabemos que nem mesmo os canhões evitaram a retomada da consciência cidadã para exigir liberdade e respeito cidadão.
Este quesito, Ricardo haverá de um dia repensar porque os estragos da nova ordem ele jamais dimensionará porque não se conquista novos estágios com imprensa manietada. Collor, bem o sabe disso,embora a história de Ricardo seja outra.
Em síntese, um dia ou Ricardo repensa seus valores de relação consigo e com o mundo – aliados ou não – ou ele pode desperdiçar a enorme chance que a Paraíba tem dar um salto adiante porque, do contrário, retroagirá para seguir adiante.
A Paraíba quer ver-lo além mar conquistando avanços tantos, mas com soberba isso jamais acontecerá. Só a humildade bem consentida, apurada e partilhada poderemos alcançar essa magnitude.
Nós precisamos dele maior, queremos ele sempre crescente, mas com perspectivaqmaior, como a sociedade quis e quer tê-lo sempre, será preciso entender a sandália da humildade na condição de virtude e amparo.
Ainda há tempo.
ÚLTIMA
“Onde houver dúvidas/ que eu leve a fé…”