Debate: paradigmas e efeitos

O Brasil como um todo, e a Paraiba em particular, vivem o momento decisivo de véspera da escolha do(a) novo(a) Presidente da República e governador do Estado, respectivamente, com parcela do eleitorado se definindo em prol de candidatos ou da anulação de votos. São os famosos indecisos.

Seja como for, não há como ignorar a importância que os debates entre os candidatos teve no decorrer de todo o processo, especialmente no segundo turno, quando o tira-teima, o confronto ‘cara a cara’ serviu para muita gente tirar dúvidas e definir melhor sua escolha.

No plano federal, dizia – se antes da campanha que o processo iria gerar uma espécie de ‘massacre’ conceitual de Serra sobre Dilma Roussef nos debates, em face da experiência e longa vida política do ex-governador de São Paulo frente a uma executiva de preparo essencialmente técnico, mas que a população desconhecia sua capacidade e performance política fora da sombra do Presidente Lula.

E eis que, na fase real dos debates, Dilma se superou fortemente mostrando –se capaz, firme e condutora de um projeto de Nação em meio à verve eloqüente, segura e convincente de que de fato está preparada para governar o Brasil de tamanho continental.

Nem de longe se impressionou com o curriculum e a destreza de Serra em discutir os temas mais difíceis sobre o futuro do Pais.

Resultado: o saldo do desempenho de cada um deixou evidente que Dilma tem se sobressaído melhor no papel de condutora do Projeto consolidado com maestria pelo presidente Lula, tanto que fez o outro Projeto de Brasil defendido por Serra ser diminuto no impacto e reversão de votos.
Na essência, o eleitorado do Brasil passou a conhecer mais e melhor os dois candidatos fazendo, como atestam todas as pesquisas, a escolha pela candidata do PT por estar mais adequada a tocar os destinos do País em meio a muitos desafios à frente.

A quase desconhecida mineira agora se credencia para se transformar na primeira mulher Presidente do Brasil. Mérito de Lula, mas essencialmente dela própria com sua performance e história de lutas e conquistas.

Saldo e efeitos no caso Paraíba

A série de debates encerrada ontem com o enfrentamento dos candidatos José Maranhão e Ricardo Coutinho na Rede Paraíba de Televisão ( afiliada da Rede Globo ) serviu para colocar o processo eleitoral paraibano, enfim em seu devido papel democrático, desta feita quebrando alguns paradigmas.

Guardadas as proporções do caso nacional, também na Paraíba havia a reprodução de um conceito quase generalizado de que o candidato Ricardo Coutinho era imbatível nos debates, demolidor mesmo, quando viesse a se enfrentar com o candidato José Maranhão.

Esse mito foi tão forte, até pela ausência de Maranhão nos debates do primeiro turno, que parte do eleitorado deixou de sufragar o voto no líder do PMDB em face da inexistência do confronto e da exposição de seus projetos e idéias.

Veio o segundo turno e com ele Maranhão precisou ter que ir à frente dos holofotes para confrontar as idéias e projetos com Ricardo.

E eis que, surpreendentemente, o candidato do PMDB passou a se superar. Aliás, superou – se tanto que desmistificou a tese de despreparo no vídeo, mesmo com a deficiência típica de sua geração, passando a se impor por sua história, capacidade e exposição clara dos projetos em andamento no Governo e, quem diria!, enquadrando o adversário em várias oportunidades deixando – o sem supremacia e, ao contrário, menor do que se supunha antes dos debates.

Foi o que se viu no último enfrentamento das TVs Cabo Branco e Paraíba com Maranhão fazendo Ricardo ficar estonteado e distante do desempenho de outrora cuja verve e exposição de antes o fazia com a aura de imbatível, que não é, como se viu durante alguns momentos duros do debate no ambiente do “Plim-Plim”.

Se o debate estivesse num ringue, em vários instantes da luta Maranhão deixou Ricardo na lona. A PEC 300, o caso das drogas, a venda apressada da Fazenda Cuiá, os panfletos apreendidos, etc, serviram mal comparando como que “golpe no fígado”, embora isso não deslustre a importância do candidato do PSB.

O saldo de tudo esbarra numa dicotomia avessa, ou seja, o mesmo instrumento que serviu para alavancar a campanha de Ricardo no primeiro turno e levá-lo à vitoria com a ausência de Maranhão – no caso os debates – é o mesmo que se inverte no segundo turno gerando a evidência de que, depois do cara a cara, o candidato à reeleição conquistou a mesma onda de empatia que antes fora de Ricardo.

Por uma razão simples: cada um se mostrou por inteiro e nesse confronto muitos dos mitos e máscaras caíram como jamais se esperava. Aliás, como dizem os meninos da Torrelândia, cada um dá o que tem.

Seja como for, agora é esperar o resultado das urnas.

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