Dois fatos políticos nesta segunda-feira deram um tom especial às campanhas políticas para o Senado – esta mais instigante –, e também na de Governo. O primeiro deles realça a posição assumida pelo ex-governador Cássio Cunha Lima no Guia Eleitoral assegurando de todas as formas que será candidato ao Senado até o fim. Ele chegou inclusive a responsabilidade a oposição por ´inventar´ sua saída.
A firmeza de Cássio é tanta que seu colega de disputa, senador Efraim Morais, também veio em defesa do ex-governador mandando ver na direção do adversário Vital Filho.
Ora, se Cássio assume este posicionamento com natureza clara e indiscutível certamente resolveu enfrentar todas as possibilidades advindas desta decisão, mesmo sabendo que a matéria Ficha Lima em Brasília ainda anda inconclusa com ele correndo riscos de vencer e até perder o mandato. Só que o fato mais importante é sua decisão de se manter candidato.
O outro fato relevante aconteceu no Centro Histórico de João Pessoa com o governador José Maranhão se reunindo com importantes representantes da arte e cultura do estado recebendo o apoio de dezenas de figuras relevantes diante de um Manifesto entregue a ele ao meio-dia.
O fato merece destaque porque era na Cultura onde o candidato Ricardo Coutinho aparecia até antes desta eleição como soberano, imbatível, mas desta feita – pela manifestação pública do Centro Histórico – perdeu inúmeros grandes apoios como Marlene Almeida, Eriberto Coelho, Flávio Tavares, Fuba, Renata Arruda, Antonio Barros e Cecéu, Oliveira de Panelas, Eduardo Stukert, Gonzaga Rodrigues, movimento LGBT (Fernanda Benevenutti), Sandra Moura, Reginaldo Marinho, Movimento Negro, Ednamay Cirilo, etc numa lista de mais de cem nomes.
Ora, como Ricardo tem recebido na atualidade o apoio de Chico César, Luiz Carlos Vasconcelos, Escurinho, os Lira, etc certamente que comparando as duas listas há uma clara e forte perda por parte de Ricardo levando o governador a se consolidar numa área antes dominada pelo ex-prefeito da capital.
Nos dois casos as repercussões são fortes, mas esta é realidade nua e crua, doa a quem doer.
O Manifesto
Na integra, a coluna veicula o Manifesto assinado pelos artistas, produtores culturais e intelectuais:
POR MAIS CULTURA, ABRANGENTE, PLURAL E AUTOSSUSTENTÁVEL
O mundo, em especial o Brasil/Nordeste, experimenta uma de suas fases mais inquietas de produção continuada dos últimos tempos convivendo com políticas que exprimem a força das ações culturais com a inclusão social latente, a expansão de mercado privado, mas tendo a presença da estrutura de Estado mais tolerante, multifacetado e com maior evidencia de envolvimento popular, somado ao viés econômico da autossustentação.
A sociedade organizada, sobretudo os movimentos sociais de envolvimento cultural, embora atestem avanços registrados nas produções e processos de fomento à Cultura, sem dúvida nenhuma tendo reforço visível a partir do Ministério da Cultura e das Conferências da área, ainda assim entendem que há muito o que fazer.
Na Paraíba, celeiro de personalidades nacionais de vulto, a classe intelectual e popular da Cultura considera indispensável a revisão de processos, métodos e objetivos para tornar o conjunto das políticas mais democráticas, abrangentes e associado com fomento à autossustentação, permitindo que se alcance todo o Estado e não se restrinja apenas à Capital e alguns grandes centros urbanos. Sua atenção há de ser expressa como prioridade para a aplicação de uma política cultural voltada com oportunidades para todos. Isso certamente exclui qualquer concentração de recursos em ações que resultem em benefício de reduzidas parcelas do mundo cultural. As ações partirão do princípio de que o Governo cuida do todo e não da parte.
Queremos Cultura sem ser para poucos nem com tutela pessoal de lideres emergentes forjados na democracia, mas efetivados pela atitude ditatorial de transformar a luta cultural em instrumento de beneficio próprio ou de seus privilegiados.
Como meta inegociável, neste Manifesto reivindicamos a adoção a curto, médio e longo prazos de Políticas para:
– Criar e Implantar, ainda em 2010, a Secretaria Estadual de Cultura nos moldes das recomendações da Conferência Estadual de Cultura, do Fórum de Secretários e do MinC;
– Ampliar em 50% o Fundo de Incentivo à Cultura “Augusto dos Anjos” gerando com a nova estrutura da Secretaria um orçamento para 2011 ainda maior do que os R$ 3.000.000,00 estabelecidos em 2010;
– Promover de forma continuada um Calendário anual de Capacitação e Reciclagem de Produtores Culturais em todo o Estado;
– Adotar calendário de ações permanentes, de forma estadualizada, acopladas ao Turismo e aos Eventos com participação efetiva dos artistas e da classe produtora de uma forma em geral;
– Implantar o Circuito da Cultura nas Escolas e Universidades promovendo os jovens talentos em sintonia com as gerações já consolidadas na produção cultural;
– Retomar a ação parceira com as instituições não só de ensino, a exemplo da UFPB, UFCG, UEPB, IFETs, bem como as faculdades privadas, unindo cultura com inovação tecnológica;
– Estabelecer padrão de pagamento de cachês aos artistas considerados da “terra” em patamar condigno diante de valores de mercado pagos aos artistas de maior estrutura e visibilidade;
– Consolidar, manter ou apoiar os Festivais de Arte e Cultura, a exemplo do FENART, Festival de Inverno de Campina Grande, de Música Erudita, Folia de Rua, Festejos juninos com caráter popular de base, bem como outras atividades de expressão, a exemplo do Folclore e do Artesanato;
– Implantar Museus e Bibliotecas também já abrigando as bases tecnológicas de apoio ao acesso à informação democratizada;
– Criar e consolidar o Museu da Arte e Cultura com abrigo do Acervo da Imagem e do Som;
– Ampliar a Revitalização dos Ambientes e cidades Históricas, em face da retração de vida econômica e cultural nesses lugares a exigir apoio do Estado;
– Apoiar ações para as comunidades Quilombolas e Indígenas;
– Respeitar e abrigar atividades promovidas pelas entidades dos movimentos GLTB;
– Gerar condições para investimentos em marketing cultural dentro e fora da Paraíba;
– Implantar a TV Cultura para abrigar as manifestações e produções do Estado
– Incentivar o a Música, o Teatro, a Dança, o Cinema, as Artes Plásticas e Visuais
– Retomar o incentivo ao Teatro paraibano valorizando os autores na produção e veiculação de peças;
– Incentivar a Leitura, o Livro e o Mercado editorial.
