Para o governador Cássio e o senador Maranhão
Logo cedo, no bairro da Torre, onde recebi as primeiras lições de civilidade, Maria Julia (minha mãe, in memorian) costumava dizer a mim, a Duda e Alaíde, meus irmãos: não entrem em jogo se não tiverem fichas. Ela falava das condições em si.
Por isso, conduzo-me o tempo inteiro sabendo meu lugar, na dimensão exata dos investimentos que faço no conhecimento, na ousadia e no empreendedorismo.
Tal condição facilita tudo. No decorrer dos anos, entretanto, conquistei um instrumento extraordinário no exercício da vida, que foi o saber comunicar-se ou, na melhor das definições, entender formas de dizer ao conjunto da sociedade o que ela em muitos momentos quer dizer mas por razoes diferentes não se permite.
Tanto texto assim de introdução, bem serve de cenário para trazer à reflexão alguns temas muito importantes para nossa sociedade, como são as relações humanas e políticas de nossos lideres, exatamente neste período de Natal onde o coração amolece mais e permite condições diferentes de outras festividades.
Refiro-me exatamente à crise de relacionamento entre o governador Cássio Cunha Lima e o senador José Maranhão reprodutores de diferenças desde o século passado, a partir da região de Araruna cujo nível de insuportabilidade aguçou muito por conta do processo de cassação do chefe do executivo, cujo desfecho está projetado para fevereiro em diante.
Não sou (nem estou) louco para imaginar que, de uma hora para outra, eles tenham que sentar-se um frente ao outro buscando construir forçosamente um dialogo de alto nível, como se estivéssemos nos Estados Unidos de Barack Obama e John MacCain, mas há alguns aspectos que eles poderiam admitir nos círculos de seus assessores mais íntimos: a tolerância visando admitir um Pacto mínimo possível em nome do futuro do estado.
Calma! Sei da enorme e difícil condição para que construamos isso na conjuntura atual, mas, cá pra nós, pior é na guerra sangrenta onde felizmente não estamos, senão na guerra pelo poder onde a intolerância se fez morada há anos.
E que danado, você está querendo, homem? poderia algum abusado assessor indagar para, na bucha, ter alguns valores a se refletir:
– Por que é que não somos capazes (nossos lideres) de apontarem pactuadamente alguns Pontos básicos em favor da Paraíba isso afora o que cada um propõe ou já implantou? Certamente que, no caso de Cássio, os projetos já têm encaminhamento, mesmo assim não é demais admitir que possam surgir idéias e necessidades não alcançadas pela parte técnica.
Objetivemos, levando em conta o que já aconteceu no Rio Grande do Norte.
Lá, embora as principais lideranças briguem feito cachorro grande- no bom sentido durante as eleições, como aconteceu recentemente, eles resolveram aceitar um Pacto, segundo o qual os Governo do Estado e municípios com respaldo dos principais lideres passaram a defender grandes projetos estruturantes independentemente da briga paroquial. Por lá, duvido que eles abdiquem do novo aeroporto de cargas, da refinaria, etc!
Como por em prática? Vejamos: Previamente, técnicos muito bem preparados com base em dados estatísticos apontaram pontos básicos de uma série de investimentos considerados indispensáveis para o crescimento sócio econômico do Estado e, na sequência, com respaldo dos segmentos produtivos e aval das assessores das varias lideranças, aprontaram uma elenco de obras e ações que, a partir de então, passaram a ser compromissos de todos e não apenas de quem está no poder.
Exemplifiquemos, comparativamente, se fosse na Paraíba: afora o que o governador já tem como projetos, grandes lutas seriam adicionadas com metas de todos.
Imaginemos se todos pudessem ir a Lula assumir, por exemplo, que João Pessoa terá um Centro de Convenções; a duplicação da BR 230 passa a ser bandeira luta comum para estender-se de Campina até Patos e depois Cajazeiras; o litoral norte terá incremento com a construção da ponte Cabedelo Lucena; o Centro Histórico da Capital ganhará um Pólo de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) no porte de Recife; o Porto de Cabedelo será pólo nordestino de Pesca; haverá retomada da rede ferroviária no Estado para escoamento da produção de frutas de Sousa; etc.
Chutei (no bom sentido) alguns temas plausíveis para ser admitido como pontos de Pacto, como se deu no estado vizinho.
Penso que, com tolerância, nenhum deles ignore que, tendo auxilio de técnicos experimentados, seria (e será) possível definir uma Agenda de desenvolvimento muito ousada, mas comum e com compromisso da continuidade. Parece utopia, mas no Rio Grande do Norte o sonho se transformou realidade.
É evidente que cada governo em seu exercício terá como elenco de obras o que já definiu em campanha e suas equipes técnicas o que não afetaria o Agendamento de Pontos Comuns sem que nenhum deles abdique de sua posição partidária, de 2 em 2 anos, levando-os ao confronto, só que preservando pontos básicos do desenvolvimento construídos com imposição das necessidades da realidade com instrução tecnica.
A Universidade Federal da Paraíba poderia ser esse agente de articulação mas como o reitor Rômulo Polari, que já chama para esse movimento, se envolveu publicamente com a política partidária pedindo voto para Ricardo Coutinho acabou inviabilizando a condição de condutor do dialogo com outras forças políticas no Estado.
Pelo sim, pelo não, tudo que escrevo tem contorno apenas de reflexão, mas tomara que um dia possamos construir algo semelhante para valer com o compromisso de todos na elaboração e defesa de Pontos Básicos, de uma Agenda de Desenvolvimento Muito ousada. A Paraíba antes tinha de fama de brigar em favor dela, mas trocou o cenário para a briga interna, só, por isso o relacionamento mínimo clama por existir.
Se de nada valer, minha consciência lembra a parábola do beija-flor repetindo: estou fazendo apenas a minha parte..
Por essas e outras desejo Feliz Natal para o governador Cássio, o senador Maranhão, os senadores Cícero Lucena e Efraim Morais, todos os deputados federais, estaduais de situação ou oposição -, enfim, a todas as autoridades do Estado, em especial, nossos irmãos paraibanos de fé.