Cultura não é evento

As decisões anunciadas por parte pelo governador Cássio Cunha Lima para o ano de 2007 refletem mais do que necessidade de uma conduta corajosa sem volta visando reparar erros continuados e tratados no faz de conta ao longo dos anos, agora precisando de solução acre, azeda, com perspectiva de dor.

Não tem outro caminho: ou alguém – e este é Cássio neste momento – adotava a coragem como premissa de governar, ou, mais na frente seriamos uma republiqueta de bananas tratada como Estado federado, quebrado todo – como se deu em Alagoas.

A elite responsável ao longo dos anos pelo fosso de agora, em Cássio II, precisará enfrentar o contencioso deixado pelo antepassado gerando a ponte para outra etapa da vida pública estadual.

Ainda não é possível analisar minuciosamente cada um dos atos a serem revelados, em conjunto, através do Pacote de Janeiro, mas numa dessas esferas ouso questionar parte do anunciado.

Diz respeito à cultura, que por envolver alguns eventos, também deve ser afetada pelas medidas amargas. Haja corte e ponto final, diz o Governo, e acho que nem tudo é assim.

A começar pelo oficio em si da arte, que também é trabalho e negócio – e nesse aspecto não pode ser tratado como evento, efemeridade – coisa passageira para servir de circo ã sociedade. Negativo.

Tomo por base Salvador (no axé, sobretudo), Recife ( no pós maracatu) e Fortaleza (com seu centro de humor ) – todos transformando a atividade artística em sobrevivência – em micro e/ou pequeno negócio sustentando famílias inteiras, além de revelar ao País um monte de gente talentosa.

Ora, essa arte de luta continua também existe em João Pessoa (como maior centro) misturada com as benesses, mesmo que com correções alentadas por programas como o FIC e o Fundo de Cultura da Capital – este ultimo reduzido a menos de um quarto de recursos do que já foi tempos atrás.

Por isso, sem aqui ousar ser mero contestador, creio que o governador Cássio exagera na dose quando não distingue fatos e ou condições como que agora narro. Ora, ambientes como o Centro Históricos, poderiam atrair oficinas de arte, ateliês, um monte de atividades – através de negócios com treinamento de quem ousasse vir a ser candidato ao fomento – isto é, a atração de capital gerando a famosa microempresa.

Aliado a tudo isso, os investimentos que atraem grandes empresas, podem também servir para capacitar os agentes artísticos (produtores, músicos, pessoal de teatro, artes plásticas) – desde que com o compromisso de devolver com pagamento real os recursos obtidos para a montagem do projeto e ou progama.

Iunus, o grande vencedor do Premio Nobel da Paz, através de seu programa de microcrédito atesta que é possível investir no pequeno negócio com resultado.

Em síntese, quem não presta conta ou se recusa a não se capacitar não pode estragar a possibilidade de incremento das artes e dos artistas num bojo de medidas que tendem acabar com a sangria de dinheiro para bancar festa fora de época, antes de cuidar do trabalho e da geração de renda.

Por essas e outras, creio ser oportuno advertir o governador para a possibilidade dele evitar injustiça com quem precisa e espera políticas de incentivos – no caso as artes, os artistas, estes bem distantes dos fanfarrões.

Cássio precisa separar o joio do trigo, inclusive neste caso.

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