De todos os programas eleitorais de 2006 na Paraiba, nenhum teve a força emblemática do que foi apresentado nesta terça-feira. Sem arrodeios, na conclusão do programa, o Guia de Cássio Cunha Lima fez o que muitos queriam, outros duvidavam e havia até quem preferisse do jeito que tava.
Pela primeira vez, Cássio resolveu assumir a denúncia de que por trás da série de matérias com caráter denuncista ao seu Governo tinha o envolvimento/participação do Sistema Correio de Comunicação a serviço, segundo seu programa, do candidato de Oposição, José Maranhão.
O programa chega a repetir que imagens obtidas na série de denúncias, especialmente de uma creche em João Pessoa onde mostrou depoimentos desmentindo as denúncias foram produzidas sob efeito do envolvimento do Sistema, com equipamentos do Correio.
Fez mais: disse com todas as letras que essa ação devia-se ao fato do suplente de senador em exercício, empresário Roberto Cavalcanti, estar por trás querendo se manter no Senado na hipótese de Maranhão vencer o Governo. Mas a mentira tem pernas curtas, embora existam grandes outros interesses, encerrou o programa deixando muita coisa no ar.
Na prática, a postura do candidato produz várias interpretações, entre as quais, o entendimento de estar assumindo a lutacom o Correio no plano politico e não temer dizer verdades que muita gente da cúpula e militância queriam reproduzir. Nesse particular, Cássio tem a coragem de poucos no estado que bem o diga Marconi Góis de Albuquerque, ex-todo-poderosos dos Diários Associados.
A postura de Cássio repõe sua versão/verdade e explicita de forma nunca vista, assumidamente, o envolvimento de grandes veículos de Comunicação agora arrolados em campanhas político-partidárias, bem diferente das situações anteriores de apoio indireto mesmo sabendo-se da torcida dos dirigentes.
O fato é que o programa gerou vou repetir para ser óbvio fato novo na campanha, agora a produzir expectativa sobre como o Sistema Correio vai ampliar sua reação, sabendo desde já que a turma de Cássio não teme cara feia e vai, desta feita, invocar a Justiça Eleitoral para inibir abusos.
Ora, é evidente que um Sistema do porte e importância do Correio, não deixará passar todo o cenário em brancas nuvens, portanto, vai arregaçar sua condição de próximo do senador Maranhão porque, do contrário, é assumir a carapuça de uma covardia indigesta na vida dos donos e colaboradores do Sistema.
Em síntese, mesmo não sendo oportuno entrar no mérito ruim desse desgaste, ainda sem afetar a liberdade de imprensa ou o exercício profissional, tudo leva a crer que a radicalidade vai assumir proporções inimagináveis ajudando o candidato da Oposição a ter suporte de um jeito que não esperava assim e o Governo a se defender com firmeza.
Este é o enredo de um drama no qual a Paraíba sai derrotada , mais do que vencedora pela celebração moderna de 1930.
Merecíamos muito melhor do que isso, mas agora o trunfo é paus.