A versão 2006 do Projeto Folia de Rua abrigando dentro dele a saída independente do Muriçocas do Miramar mostra pela primeira vez que João Pessoa já não desperta atenção apenas pelo lado folclórico ou cultural que a brincadeira enseja.
Há recursos em volume crescente gerando mercado, aliás razão principal para as desavenças geradas para a saída do Muriçocas do Folia de Rua. Esta é a realidade que precisa ser encarada e assumida pelos diversos atores/gestores desse movimento para que, profissionalmente, acabe-se de vez com o falso prurido de não querer tratar de dinheiro publicamente.
Este ano ficou nítida a maior mobilidade proporcional do Muriçocas se comparado com o Folia de Rua num todo abstraindo aqui a importância inconteste do bloco primeiro e maior para sua saída na avenida, em detrimento do Folia com mais blocos para bancar dos oito dias de programação.
Mesmo assim, a realidade atual instiga e faz exigir da diretoria do Folia mais rigor e combatividade para se impor como principal manto/abrigo da manifestação por dispor ainda de 34 outros blocos alguns de grande concentração, a exemplo das Virgens de Tambaú, Bloco dos Atletas, Cafuçu, Picolé de Manga, Viúvas do Valentina e Dismantelados do Cristo todos levando milhões de pessoas, sem deve muito a Muriçocas.
Só que imposição e respeito não se creditam por decreto ou vontade. Tem de ir à luta conquistar o que lhe é devido.
É claro que, emblematicamente e do ponto-de-vista quantitativo, o Muriçocas se mantém especial, entretanto, essa condição não pode nem deve encobrir formas de crescimento dos outros movimentos produzidos pelo Folia, daí a diretoria precisar nas próximas negociações se impor mais do que tanto já conquistado justiça seja feita.
Voltando ao centro da questão creio que a parte financeira, de recursos mesmo, precisa ser tratada mercadologicamente sem gerar desigualdades, mas para isso cada um deve se impor pelo papel e força política construída pelos atores desta história, que faz tempo desperta interesse de grana mesmo com poucos assumindo tal condição.
Enfim, houvesse como há na Liga das Escolas de Samba do Rio ação estratégica comum, mesmo com a disputa e interesses diferentes no processo certamente que o movimento seria duas vezes mais o tamanho de agora.
Infelizmente, as vaidades superam as vontades coletivas daí estarmos reproduzindo a mesma cultura divisionista que tanta atrasa a Paraíba.
