A cassação do deputado federal Roberto Jeferson, ontem, não era o que muitos deputados queriam, mas a pressão silenciosa da sociedade impôs o começo de uma série de medidas no mesmo nível daqui em diante para estancar e inibir o desmando do mandato parlamentar.
Quando vejo temas assim lembro-me de imediato de um dos mais íntegros homens públicos do Brasil, o paraibano e ex-
governador Antonio Mariz.
Lembro ainda de Jeferson mais do que sua verve – a mesma que estremece muita gente, quando Collor jogava todas as fichas nos bastidores do Congresso Nacional e ele operava a truculência para anter o presidente deposto. É que o ex-presidente foi flagrado em assalto consentido nas
operações de PC Farias.
À época, Mariz construiu o arcabouço jurídico ‘perfeito’ para cassar omandato do presidente collorido.
Impressiona, entretanto, mesmo agora, que exista uma banda no Brasil – e na Paraíba – a defender Jeferson,
como a admitir sutilmente a tese do tipo “ele rouba mas faz “-à lá Ademar de Barros.
Foi o que aconteceu, ontem, inclusive no voto e discurso no Parlamento nacional com alguns deputados paraibanos.
Marcondes Gadelha, por exemplo, tomou de susto muita gente assumindo defesa aberta do deputado carioca – mesmo sem necessidade de se entrar no mérito da postura. Carlos Dunga foi citado por Jeferson em pleno discurso do parlamentar.
Por essas e outras, o cenário de hoje invoca a saudade de líderes como Antonio Mariz, rigoroso no trato
da coisa pública com vínculo seguro de apreço e vínculo popular.
À véspera de uma data fechada – os 10 anos da morte do ex-governador da Paraiba – cultuar a história e postura de Mariz é chorar o azar do Estado de não tê-lo inteiramente no auge de sua vitalidade humana.
Certamente que se vivo, não tenho dúvidas, a cena de hoje estaria composta de outra forma.
Ainda moço, aos 54 anos, ele se acabou devorado ferozmente por um câncer inoportuno, exatamente
no momento em que Mariz mais se sentia dominando situações. Para ser mais objetivo: o ex-governador’
estava preparado em todos os níveis para enfrentar as adversidades econômicas e sociais, entretanto,
o acaso lhe fez refém da sobrevida quando a enfermidade lhe bateu a porta.
Mariz era um reformista por natureza. Queria porque queria interferir em processos macros combinados
com a coragem de enfrentar privilégios, visando gerar qualidade de vida para as pessoas da Paraíba.
Não cansava de dizer aos mais próximos, à época fui seu Secretário de Comunicação, que só faria sentido
governar se interferisse para melhor na vida das pessoas, dos mais fracos preferencialmente.
Por isso, a fome lhe deixava sem sono, como de certo a constatação do IDH baixo do estado ( 24o no
ranking nacional) projetando milhares de famintos sem perspectivas, Daí falar tanto em programa
de desenvolvimento sustentável, algo do tipo buscar na própria sociedade as formas de enfrentar’
e construir a superação dos problemas.
Infelizmente, Mariz não teve tempo para por quase nada em prática, senão uma proposta de Governo
da Solidariedade, embrião que mais na frente fez seu sucessor, José Maranhão, do tamanho em que
está.
Morto, com rei posto, o ex-governador é saudade para os próximos, embora cada vez mais esquecido
pelos “amigos” na proporção do amor e fidelidade mantida com os seus.
Se não for muito, sua história dignifica a obra politica exemplar.
