Curitiba – Nem mesmo distante – vejam lá a longitude geográfica em que estou! – a fluência de informações deixa de se efetivar, graças às geringonças da modernidade. É em face delas que, de domingo até ontem, fluíram dados relevantes e que apontam para a existência de clima perigoso entre o governador Cássio Cunha Lima e sua base política aliada.
Nenhum dos deputados assume publicamente o que, no reservado, comentam com algum ar de irritação e preocupação, ou seja, o difícil e distante relacionamento político com o governador, desde à posse.
O estopim para esse clima se deu com o último dos encontros entre eles, durante jantar na Granja Santana, sexta-feira passada. Para se ter idéia da repercussão, leve-se em conta que alguns parlamentares deixaram o lugar antes dele ter se concluído.
A rigor, a base de tudo está no conceito de fazer política exposto pelo governador diante da cultura predominante, sobretudo na partilha de cargos e ações pretendidas pela base, mas não absorvida por Cássio na forma reivindicada.
Para ser preciso, a reunião de sexta-feira nada rendeu de positivo em termos de avanços nas relações. Aliás, o governador voltou a dizer que é suficientemente capaz de até deixar a vida pública se for para repetir o mesmo conceito/cultura do que considera vícios e formas equivocadas de atender a classe política sempre pondo em pretexto os reclamos da sociedade.
A irritação, visível no semblante de Cássio, começou a partir mesmo da avaliação do deputado Tião Gomes em torno das ações do Cooperar provocando reação imediata de Cássio na defesa da coordenadora Sônia Germano.
Queixas como a de Tião, também produzidas por Bosco Carneiro, foram suficientes para Cássio afirmar que na contra-partida há tantas reclamações recebidas quanto as que tem a fazer – mas não as revelou.
Na verdade, pelo que se configura como jeito e forma de governar nos 10 meses de gestão administrativa, há um fosso criado entre a verdade exposta pelo governador frente aos anseios da base aliada em visível descompasso.
Em outras vezes, como na sexta-feira, a cara do governador era de desconforto e irritação visível pela insistência na exposição de pleitos, sobretudo de distribuição ou nomeação de cargos, condição que ele diz não abrir mão.
Esse é, de fato, um aspecto perigoso e de repercussão imprevisível porque a manter-se transforma a relação aliada em desconfiança e distanciamento, o que na política são elementos próximos de troco mais na frente.
Apelo de Lacerda
O deputado estadual José Lacerda, do PFL, foi quem sugeriu ao governador para que delete de suas falas sobre o exercício política a condição aventada até de deixar a vida política, caso não consiga mudar os hábitos existentes.
Zé Lacerda lembrou que idêntico comentário feito, recentemente, na Editora A União, ainda hoje repercute negativamente.
Nada de candidatura
O senador Ney Suassuna desautorizou os aliados do PMDB, entre eles o presidente Haroldo Lucena, de defender sua candidatura à Prefeitura de João Pessoa.
Ontem, em entrevista a Juarez Amaral e Carlos Magno, em Campina, Ney disse que não há a menor possibilidade de ser candidato, condição essa que ele defende na direção do senador José Maranhão.
Aceno solidário
O Colunista estava presente ao lugar e momento em que o futuro presidente do PTB nacional, Roberto Jeferson, em Curitiba. recebeu ligação via celular do governador Cássio solidarizando-se com a dor petebista pela perda do deputado José Carlos Martinez.
A propósito, a ligação chegou no celular do deputado Carlos Dunga.
Lei da Cultura
A Assembléia Legislativa recebe hoje, previsto para às 9h30 da manhã, o texto do projeto-de-lei propondo nova forma de legislar as causas da cultura, agora com a denominação de Lei Augusto dos Anjos substituindo o Procult do governo anterior.
A Sub-Secretária da Cultura, Cida Lobo, não revelou contudo os valores orçamentários para a cultura no ano de 2004.
Cotação de Ruy
Gente de expressão junto a Cícero Lucena dizia ontem, por telefone, que não há no momento nenhuma ação do grupo priorizando a campanha de 2004, mesmo tendo o pré-candidato Ruy Carneiro na condução gradativa do processo.
Para três “pesos pesados”, a dados de hoje Ruy se mantém na pole position.
Umas & Outras
… A agenda de Cássio não inclui na semana a cidade de Brasília, como anunciado. Depois de vários contatos em São Paulo, inclusive Editora Abril, hoje tem agenda no Rio no BNDES e Eletrobrás.
…A deputada Edina Wanderley não foi ao jantar de sexta-feira. Anda chateada com o tratamento do governo.
… Já Maciel também não compareceu e nem disse a causa da ausência.
… O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraíba, anuncia para hoje a entrega da nova sub-sede de Patos com direito a estrutura à altura dos reclamos da categoria local.
… Tem muito buzuzu – êta palavrazinha velha – sobre mudanças no setor de comunicação.
… Via e-mail, a animadora cultural Ana Maria Gondim volta à baila com o tema carnaval. Segundo ela, a defesa de intercâmbio com outras experiências não se dá apenas como Olinda, mas outras atividades vitoriosas. Lembra noutro trecho que iniciativas assim foram iniciadas quando éramos presidente do Folia de Rua.
… O chefe de gabinete Carlos José deve ganhar até o fim-do-ano o título de assessor direto de Cássio com maior discreção. Está longe dos holofotes, com desempenho estratégico à altura do exigente governador.
Última
“Falar é complicado/ quero uma canção…”