O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou neste domingo (7), em Brasília, que sua pré-candidatura à Presidência da República nas Eleições de 2026 pode ser negociada. Segundo o parlamentar, a manutenção de seu nome na disputa “tem um preço” e a retirada da candidatura está condicionada a contrapartidas políticas, sendo a principal delas o avanço do projeto de anistia aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração foi dada após o senador participar de um culto evangélico na capital federal. Flávio, que foi indicado publicamente pelo próprio pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, como seu sucessor político, foi direto ao vincular sua movimentação eleitoral à situação jurídica dos envolvidos na trama golpista.
“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar. Eu tenho um preço, só que eu só vou falar para vocês amanhã”, afirmou Flávio, sugerindo que os detalhes serão tratados em reuniões nesta segunda-feira (8).
Embora tenha mantido certo suspense sobre a totalidade das condições, o senador indicou que o ponto central da negociação é a anistia para os condenados do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado. O grupo, que inclui Jair Bolsonaro, foi condenado pela Primeira Turma do STF em setembro e começou a cumprir pena no último dia 25.
“Espero que a gente paute essa semana a anistia. Espero que os presidentes da Câmara e do Senado cumpram o que eles prometeram, que pautariam a anistia, e deixem o pau cantar no voto no plenário – que é o que a gente sempre quis”, disse o senador. Questionado se a aprovação do projeto seria o “preço” para abandonar a disputa, ele respondeu: “Não é só isso não, mas está indo bem”.
Um “Bolsonaro centrado”
Apesar de colocar a candidatura como moeda de troca, Flávio Bolsonaro também aproveitou para delinear o perfil que pretende adotar caso siga na corrida presidencial. Ele prometeu apresentar ao eleitorado uma versão mais moderada em comparação ao pai.
“A partir do momento que eu tenho a possibilidade (…) de conhecer um Bolsonaro diferente, um Bolsonaro muito mais centrado, um Bolsonaro que conhece a política, que conhece Brasília e que vai realmente querer fazer uma pacificação nesse país”, declarou.
Para discutir o cenário, Flávio tem reuniões agendadas para esta segunda-feira (8) com caciques partidários. Ele deve se encontrar com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, além de Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (Progressistas). O senador também manifestou intenção de convidar Marcos Pereira, presidente do Republicanos — partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
“Acho que já demos alguns gestos para que todos pudessem digerir essa notícia [da pré-candidatura], que eu reconheço que pegou muita gente de surpresa. Não era o que grande parte da política estava esperando”, avaliou o parlamentar, afirmando que o objetivo dos encontros é “entender melhor” a visão das legendas.
Repercussão no Centrão: Espaço para Ratinho Jr.
A entrada de Flávio no tabuleiro eleitoral gerou reações imediatas entre líderes do Centrão. Segundo apuração do blog do jornalista Gerson Camarotti, a avaliação interna, especialmente no PSD, é de que a candidatura do filho de Bolsonaro consolida a polarização com o presidente Lula, deixando um vácuo na centro-direita.
Sem a presença de Tarcísio de Freitas como cabeça de chapa neste cenário, as lideranças avaliam que se abre uma “janela de oportunidade” para o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Para o Centrão, há espaço para um nome alternativo que fuja dos extremos. A recomendação de aliados influentes para o governador paranaense, no entanto, é de cautela: neste momento, Ratinho Júnior deve “jogar parado”.
